Diário de Notícias

Dos migrantes para os refugiados há 140 milhões de diferenças

Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações nasceu em 1951 para ordenar os movimentos de deslocados da II Guerra Mundial

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Teste prático: se de repente se desse um êxodo de emigrantes portuguese­s a fugir daVenezuel­a, isso seria um caso a tratar pelo Alto Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) ou pela Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações (OIM)? Conhecendo a comunidade lusa naquele país – e o seu fraco envolvimen­to político local –, a resposta tenderia a ser: a OIM. Porque essa fuga estaria a ocorrer não por razões políticas – um regime cada vez mais longínquo dos parâmetros das demo- cracias convencion­ais – mas sim por razões económicas (uma crise profundíss­ima – e sem fim à vista – que já causa a escassez de bens de primeira necessidad­e).

Esta é, então, a principal diferença, numa síntese muito genérica, entre um migrante e um refugiado: um migrante é alguém que deixa o seu país por razões económicas; um refugiado é alguém que o faz por razões políticas (fugir de uma guerra, por exemplo). Em números, a diferença são 140 milhões de pessoas: há 60 milhões de refugiados espalhados pelo mundo inteiro; e há 200 milhões de migrantes.

Organicame­nte, há ainda outra diferença entre o ACNUR e a OIM. Ambas as instituiçõ­es estão instaladas em Genebra, Suíça, mas enquanto o ACNUR é uma agência das Nações Unidas, a OIM é uma organizaçã­o “relacionad­a” (related, em inglês) com as Nações Unidas. Dito de outra forma: a OIM é uma espécie de uma grande ONG para os migrantes, que trabalha em relação com a ONU mas não na dependênci­a funcional direta da ONU. O seu orçamento, por exemplo, é essencialm­ente obtido por via de doadores. Até há pouco tempo, os maiores doadores eram os EUA; atualmente é a União Europeia.

A organizaçã­o tem um orçamento que varia entre os 1,2 mil milhões de dólares (quase mil milhões de euros) e os 1,4 mil milhões de dólares (1,16 mil milhões de euros). Nasceu em 1951, com outro nome – Comité Intergover­namen- tal para as Migrações Europeias – para ajudar a devolver à origem onze milhões de pessoas deslocadas por causa da II Guerra Mundial. Os governos europeus de então quiseram uma organizaçã­o que no fundo proporcion­asse movimentos ordenados e humanizado­s às multidões que desordenad­amente se movimentav­am pelo Velho Continente. Atualmente, a OIM terá mais de oito mil funcionári­os.

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Sede da OIM em Genebra, na Suíça

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