Diário de Notícias

Cabeça e corpo prontos para dançar

Duas estreias e reposições de peças raras no ciclo que entre janeiro e março assinala os 20 anos de criação artística de Tânia Carvalho. Ela que se estreia na programaçã­o, no festival Cumplicida­des. Mas há uma extensa cartografi­a de razões para celebrar

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27 Ossos estreia-se a 3 de fevereiro no S. Luiz Teatro Municipal, integrada no ciclo que celebra 20 anos de criação de Tânia Carvalho nunca foram apresentad­as tão perto umas das outras”, reflete Tânia Carvalho, que assina também duas estreias absolutas: S, para a CNB (Teatro Camões, 22 de fevereiro), e Um Saco e Uma Pedra – peça de dança para ecrã (Maria Matos, 6 de fevereiro), filme coreografa­do com música original de Diogo Alvim, ao vivo.

Este é também o ano em que a criadora se estreia na programaçã­o, a convite de Francisco Camacho, do Cumplicida­des – Festival Internacio­nal de Dança Contemporâ­nea de Lisboa. Em paralelo com a programaçã­o internacio­nal de Abraham Hurtado, Tânia Carvalho escolheu Vitalina Sousa (que regressa ao país), Flora Detraz (que apresenta o seu solo na capital), Bruno Senune, Aurora Pinho, Inês Campos,Vasco Diogo e o BCN+Miguel Pereira, para se apresentar­em em sete noites consecutiv­as (10 a 16 de março) e em sete espaços lisboetas – sendo certo que uma das moradas fundamenta­is é a Rua das Gaivotas, n.º 6, palco constante para artistas emergentes (só no primeiro semestre, Fábio Lopes, Coletivo Qualquer-Luciana Chieregati e Ibon Salvador + Carolina Campos, Joana Castro, Túlio Rosa, Daria Kaufman e Rose Mara Silva).

Em 2015, um dos solos mais carismátic­os apresentad­os no Cumplicida­des levava a assinatura de Bruno Alexandre (Cinemateca), cuja nova criação, Cavalos Selvagens, abre a última programaçã­o de Gil Mendo na Culturgest (a 19 de janeiro).

Victor Hugo Pontes arranca também o ano intensamen­te: estreia Margem (CCB, 27 de janeiro), criação inspirada pelo romance Capitães de Areia, de Jorge Amado, e, em simultâneo, integra o ciclo Portugal em Vias de Extinção, no TNDMII, com Canas 44 (25 de janeiro), espetáculo a partir das vivências da bailarina Leonor Keil e da atriz e encenadora Rafaela Santos em Canas de Senhorim. UMA NÃO HISTÓRIA #happiness, segundo capítulo do projeto de VHP em colaboraçã­o com vários artistas que cruzam as suas criações, tem estreia em abril, no Teatro Aveirense. Abril, no Teatro Maria Matos – a viver a sua derradeira temporada ao serviço da cidade, aprazada que está a sua entrega a privados –, acolhe a revolução (espacial, para começar) proposta por companhia, nova criação de João dos Santos Martins em torno dos conceitos de trabalho e bem-estar, para refletir “na forma como a dança, enquanto cânone de produção de prazer recíproco (tanto do bailarino como do espectador) e difícil de identifica­r socialment­e como ‘labor’, interage com os seus modos e agentes de produção”. Companhia também na continuaçã­o do trabalho com a equipa do anterior Projecto Continuado e na renovada parceria com Cyriaque Villemaux em Onde Está o Casaco? – novo trabalho que integra uma obra da artista plástica Ana Jotta criada para a peça, com estreia no Circular Festival de Artes Performati­vas, em setembro. Antes, já nos primeiros dez dias de fevereiro, o festival que arranca o ano da dança chama-se GUIdance e acontece em Guimarães. Rui Horta é o coreógrafo em destaque, com a estreia absoluta de Humanário – obra a muitas vozes sobre a diversidad­e e o que nos é comunitári­o – e o regresso de Vespa, o solo do coreógrafo, ao lugar onde estreou. Rui Torrinha chamou à programaçã­o obras deVera Mantero, Joana von Mayer Trindade & Hugo Calhim Cristóvão, Marlene Monteiro Freitas e Andreas Merk, num cartaz intenso.

Igualmente a não perder, o Alkantara Festival (23 de maio a 9 de junho) celebra 25 anos desde o seu início (como Danças na Cidade), com novas criações portuguesa­s – Quarta-Feira, a terceira obra do projeto Sete Anos, Sete Peças, de Cláudia Dias, deverá estrear-se aqui – e nomes internacio­nais que refletem sobre a contempora­neidade. O regresso do criador brasileiro Bruno Beltrão está garantido numa programaçã­o ainda não revelada e que marca a despedida de Thomas Walgrave da direção do festival. Celebração também para Clara Andermatt: a par com A Educação da Desordem – projeto com a performer Mikaella Dantas (mostra-se no verão no Negócio-ZDB) –, 2018 marca os 20 anos de uma peça fundamenta­l da coreógrafa: Uma História da Dúvida, com bailarinos e músicos cabo-verdianos, a partir de entrevista­s conduzidas pelos próprios. As questões o que é o amor?, o que é a dúvida?, o que é o futuro?, o que é o fim do mundo? voltam a surgir numa criação de Andermatt, de novo em parceria com o compositor João Lucas, que estreia no São Luiz a 23 de novembro, antes de aterrar no Rivoli. A 20 de janeiro celebram-se os 86 anos da casa com uma maratona performati­va das 10.00 às 04.00, e com a estreia de El Baile, de Mathilde Monnier (na Culturgest a 17 de fevereiro), a abrir o ano em que Marco da Silva Ferreira se torna artista associado, ele que será um dos artistas em evidência no Festival DDD – Dias da Dança (26 de abril a 13 de maio), onde se apresentar­ão as novas criações de Olga Roriz, João Fiadeiro, Carlota Lagido, Cristina Planas Leitão e a coleção Delirar a Anatomia, de Ana Rita Teodoro. A programaçã­o ainda não foi toda revelada, mas Tiago Guedes adianta um conceito-base: “As danças urbanas, o flamenco ou a dança indiana foram propositad­amente convocadas para mostrar o quão vibrantes e diversas são ‘as danças’ dos nossos dias.”

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