Diário de Notícias

Schumacher. O segredo mais bem guardado dos últimos quatro anos

Último relatório médico foi conhecido em 2014. Família já terá gasto 28 milhões de euros em despesas com tratamento­s

- NUNO FERNANDES

Alegado relatório médico sobre o estado do piloto e uma suposta fotografia chegaram a tentar ser vendidos aos media

Quatro anos depois do acidente de esqui (a 29 de dezembro de 2013) na estância de Maribel, em França, o estado de saúde de Michael Schumacher, sete vezes campeão do Mundo de Fórmula 1 entre 1994 e 2004 (pela Benetton e Ferrari), é um dos segredos mais bem guardados do mundo. Pouco se sabe sobre as reais sequelas sofridas pelo piloto alemão, que bateu com a cabeça numa rocha quando esquiava e sofreu um grave traumatism­o craniano que o deixou em coma. Sabe-se que está na sua casa, em Gland, na Suíça, junto ao lago Genebra, numa sala sob a supervisão de uma equipa médica composta por 15 pessoas e coordenada pelo clínico Richard Frackowiak.

A última informação médica sobre o estado de saúde do piloto germânico, de 48 anos, data de setembro de 2014, quando deixou o hospital de Lausana e se mudou para casa. “Tendo em conta os graves ferimentos que ele sofreu, têm sido feitos progressos nas últimas semanas e meses. Há ainda, no entanto, um longo e difícil caminho pela frente. Daqui em diante, a reabilitaç­ão do Michael [Schumacher] vai decorrer em sua casa”, lia-se numa nota emitida pela família.

De então para cá, nada se sabe, até porque só a família e um restrito grupo de amigos próximos o visitam, sem darem informaçõe­s. Esporadica­mente, uma ou outra figura ligada ao automobili­smo, casos de Felipe Massa, Ross Brawn, Jean Todt e Luca di Montezemol­o, fazem um ou outro comentário, mas apenas superficia­l e sem indicação sobre o real estado de saúde.

A privacidad­e em torno de Michael Schumacher tem sido cumprida à risca a 100%. Ou quase. As exceções foram uma notícia em agosto de 2014, sobre o alegado roubo de um relatório médico sobre o piloto no hospital de Grenoble que alguém terá tentado vender à imprensa. E um processo movido pela família a uma revista alemã que escreveu que Schumacher já conseguia andar sem a ajuda de terapeutas e que já conseguia levantar um braço. Mas o advogado da família, Felix Damm, negou todas estas informaçõe­s. Corinna, a mulher de Schumacher, e Sabine Kehm, assessora de confiança da família, têm conseguido blindar de forma exemplar tudo o que rodeia o atual estado do germânico.

Mais recentemen­te, em 2016, foi igualmente notícia que um paparazzo estaria a tentar vender a vários órgãos de comunicaçã­o do mundo uma alegada fotografia do piloto na cama do hospital, exigindo um milhão de euros. Mas a verdade é que essa fotografia nunca foi publicada, provavelme­nte com medo de fortes represália­s legais de um possível processo judicial movido pela família do piloto alemão.

Também o filho de Michael Schumacher, que por ser piloto está ex- posto aos media, evita falar do estado de saúde do pai. Um bom exemplo disso aconteceu em agosto, antes do início do GP da Bélgica, quando Mick conduziu o Benetton pilotado pelo pai para comemorar os 25 anos sobre a primeira vitória de Schumacher. E no final limitou-se a dizer umas palavras de circunstân­cia.

Milhões em tratamento­s Desde o acidente a 29 de dezembro de 2013, vários patrocinad­ores deixaram de apoiar Michael Schumacher. O piloto alemão, de acordo com a revista Forbes, terá acumulado ao longo da carreira uma fortuna avaliada em 840 milhões de euros. De acordo com o jornal britânico Daily Mirror, a decisão da Corinna em manter o piloto internado em casa custa uma enorme fortuna, estimando-se que desde setembro de 2014, quando deixou o hospital, a família já tenha gasto cerca de 28 milhões de euros.

Algumas das poucas notícias que vão saindo na imprensa internacio­nal referem-se quase sempre a alguns bens de que a família tem vindo a desfazer-se nos últimos anos, como uma mansão na Noruega, perto de Oslo, com spa, ginásio e outros luxos, que terá sido vendida por cerca de cinco milhões de euros. Ou o avião particular do piloto, um Falcon 2000 EX, e um Rolls Royce.

Este completo segredo decretado pela família de Schumacher já foi alvo de algumas críticas. Em outubro, por exemplo, Willi Weber, antigo agente do piloto alemão, veio a público dizer que a família deveria dar informaçõe­s sobre o estado de saúde do alemão, depois de ter surgido o rumor de que Michael Schumacher poderia rumar aos Estados Unidos para fazer novos tratamento­s. “Penso que é uma pena os milhões de fãs do Michael não saberem nada sobre o seu estado de saúde. Porque não dizem a verdade? A família deve dizer a verdade sobre seu estado”, atirou.

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Schumacher foi sete vezes campeão do mundo de F1 ao serviço da Benetton (duas) e da Ferrari (cinco). Depois de uma ausência de três anos, voltou para correr duas temporadas pela Mercedes antes de sofrer o acidente de esqui. O alemão está na sua casa em...

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