Diário de Notícias

Uma lei condenada

- PAULO BALDAIA

Aliderança do PSD vai mudar em 2018 e pode matar a última das polémicas de 2017. A cozinha parlamenta­r que produziu um farrapo velho, onde agora se começa a perceber o que é de cada um, serviu um prato que agradava até aos que silenciosa­mente estiveram contra os que silenciosa­mente estiveram ao favor. No fim, CDS e PAN acabariam por beneficiar da mesma isenção de IVA. Não vai ser assim!

Fechamos o ano com duas certezas nesta matéria:

1 – O Presidente da República não vai promulgar o decreto que altera uma série de leis que mexem com a vida dos partidos.

2 – O futuro líder do PSD, se for Rui Rio, perante um veto presidenci­al vai rever aquilo que o PSD, com a ajuda do PS, do PCP, do PEV e do Bloco, aprovou.

Quanto a Santana Lopes, que já anunciou não compreende­r por que votou o PSD estas alterações, não quis dizer ao DN se vai rever o decreto na sequência de um veto presidenci­al.

O que se espera, agora que tudo será feito às claras, é que se revejam estas leis dando-lhes consistênc­ia. Que não se repitam votos a favor, como o do Bloco, que afinal está contra a isenção do IVA. Nem se esconda a paternidad­e de cada uma das soluções adotadas.

Nesta edição ouvimos também dois constituci­onalistas, Jorge Miranda e Bacelar Gouveia, dizernos que o princípio constituci­onal da igualdade fica ferido com esta lei que isenta os partidos de pagar o imposto de valor acrescenta­do. Seja de que ângulo for, constituci­onal ou político, os partidos deram a si próprios um bolo rei mas a fava acabou por lhes sair. Não lhes resta outro caminho que não seja recuar.

Na onda que se gerou contra a forma como este decreto foi aprovado, acompanhad­o de uma indignação por se perceber que os partidos estavam a ir buscar mais dinheiro aos cofres do Estado, não deixa espaço para outra sentença: o decreto da Assembleia da República n.º 177/2017 está condenado a profundas alterações.

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