Enfermeiros e médicos criticam caos nas urgências
Bastonários denunciam situações “graves”. Hospitais falam em normalidade
Depois de a bastonária da Ordem dos Enfermeiros ter denunciado o que classificou de caos nas urgências hospitalares, a Ordem dos Médicos assumiu ontem que houve situações anómalas e graves nas urgências de alguns hospitais nos últimos dias, embora não generalize o panorama a todas as unidades do país. “Na última semana houve algumas situações complicadas”, afirmou o bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, à agência Lusa. O presidente da Administração Regional de Saúde do Norte reagiu. “Não há nenhum caos ou alarmismo. A região norte está preparada para responder a todas as situações. Os hospitais têm estado com capacidade de resposta, prepararam os planos de contingência e têm um número adequado de funcionários. Há absoluta normalidade na região norte”, frisou Pimenta Marinho
Um dos casos é o do hospital de Vila Nova de Gaia, que teve nos últimos dias “uma afluência muito elevada” de utentes à urgência e que tem 24 pessoas internadas no serviço de urgência. “Isto, por exemplo, é caótico, de facto”, comentou Miguel Guimarães. A resposta surgiu em comunicado , com o Centro Hospitalar de Gaia/Espinho a admitir que “neste período” o “afluxo de doentes às urgências é maior, com grande predominância de doentes idosos com problemas respiratórios graves”, mas recusando anomalias no funcionamento do serviço.
A bastonária dos enfermeiros, Ana Rita Cavaco, denunciou no sábado “o caos instalado na maior parte das urgências do país” e apelou ao Ministério da Saúde para que “tome uma atitude”.
Quanto ao hospital de Gaia, o bastonário dos médicos diz que a administração da unidade de saúde pediu junto do ministério para ativar o plano de contingência que permitiria usar 20 camas extra, mas o pedido ainda não foi autorizado.
Miguel Guimarães deu ainda o exemplo do Hospital de Faro, onde refere que nos últimos dias chegaram a registar-se esperas de 20 horas nas urgências. “Faro tem problemas gravíssimos, há muito. Inclusive tem escalas de médicos incompletas e muitas vezes só asseguradas por internos”, afirmou.
Para Miguel Guimarães, “o ministro da Saúde não preparou os serviços atempadamente” para este período de inverno e de aproximação da gripe. “Está a acontecer mais uma vez o que já aconteceu em anos anteriores”, disse o bastonário, considerando que “falhou o plano de contingência definido pela Direção-Geral da Saúde.”
O bastonário da Ordem dos Médicos defende que todos os agrupamentos de centros de saúde deviam ter uma ou duas unidades sempre abertas até à meianoite, uma forma de dar resposta a doentes agudos e aliviar urgências hospitalares.