Diário de Notícias

Adversário­s externos e internos na mira de Rouhani

Protestos nas ruas não dão mostras de enfraquece­r e número de mortos continua a subir. Trump e Netanyahu apoiam opositores

-

CÉSAR AVÓ São pelo menos 13 os mortos que as autoridade­s iranianas anunciam em resultado dos protestos que chegaram ontem ao quinto dia consecutiv­o. O regime reconhece o direito à manifestaç­ão, mas ameaça com mão pesada quem ponha em causa a ordem pública. No exterior, Donald Trump volta a apoiar os revoltosos, e a ele juntou-se o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Os apelos à calma do presidente Rouhani não surtiram efeito, nem as suas advertênci­as aos opositores. “O governo não mostrará tolerância para aqueles que destroem propriedad­es públicas, violam a ordem pública e criam instabilid­ade na sociedade”, afirmou no domingo, na televisão, ao mesmo tempo que prometeu “mais espaço para as críticas”. Na segunda-feira voltou à carga, numa mensagem que tanto pode ser dirigida aos inimigos externos como aos internos, ao dizer que estes não toleram o êxito do país no acordo nuclear e na região e por isso estão a incentivar a protestos. “O nosso progresso para eles é intoleráve­l, o nosso êxito no mundo da política perante os Estados Unidos e o regime sionista [Israel] é intoleráve­l para eles”, afirmou numa reunião com dirigentes de comissões parlamenta­res.

Por um lado, o governo acusou “elementos hostis” no estrangeir­o de acirrar o movimento de protesto. Por outro, também suspeitam de que os ultraconse­rvadores, rivais da corrente mais moderada de Rouhani, tentam sabotar a política do governo. “Há evidências, em particular em Mashhad, de que as manifestaç­ões estavam a ser orga- nizadas para marcar pontos políticos”, declarou o comentador Amir Mohebbian à agência iraniana Tasnim. “Obviamente não previram que chegasse a tal escala. Não podemos brincar com movimentos de protesto”, concluiu.

Em linha com estas declaraçõe­s estão as do porta-voz da Associação do Clero Militante, o conservado­r Gholamreza Mesbahi-Moghadam.“A nossa Constituiç­ão reco-

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal