“O nosso progresso para eles [inimigos] é intolerável, o nosso êxito perante os EUA e o regime sionista é intolerável para eles”
Rouhani reconheceu o direito às manifestações pacíficas, mas ameaçou quem esteja contra o regime nhece o direito de protestar, mas na prática não há um mecanismo para fazê-lo. Os responsáveis políticos devem ouvir o povo. Os meios de comunicação, por seu lado, devem fazer a cobertura dos protestos”, disse o antigo deputado à agência ISNA.
Há quem duvide de que as manifestações possam ser uma séria ameaça para o regime, porque não parecem obedecer a uma organização clara. Mais a mais, as palavras de ordem contra o guia supremo ou contra a teocracia dão carta branca a que o regime reprima os manifestantes e que os acuse de elementos contrarrevolucionários e violentos. “O sistema prefere manifestações políticas e não as criadas por razões económicas porque são mais fáceis de controlar”, disse o politólogo Mojtaba Mousavi à AFP.
Através das redes sociais – que foram bloqueadas pelo regime, bem como o acesso à internet restringido –, o presidente norte-americano dirigiu-se pela terceira vez aos iranianos. “O grande povo iraniano tem sido reprimido há anos. Tem fome de comida e de liberdade. A riqueza do Irão está confiscada, como os direitos humanos. É tempo de mudança”, escreveu Donald Trump no Twitter.
Tão significativa, mas mais lacónica, foi a mensagem do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu: “Desejo sucesso ao povo iraniano na sua nobre demanda pela liberdade.”
Da Europa, ouviu-se o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão Sigmar Gabriel a apelar para o direito à manifestação e para o fim da violência.
O que começou na segunda maior cidade do país, Mashhad, como um protesto contra o au- mento dos preços e o anúncio de mais austeridade – corte nos subsídios mensais a 34 milhões de iranianos e subida no preço dos combustíveis – transformou-se, em definitivo, numa rejeição ao presidente Hassan Rouhani, ao guia supremo Ali Khamenei, enfim, ao regime islamista implantado em 1979.
A televisão estatal noticiou que “manifestantes armados” terão tentado tomar de assalto esquadras de polícia e bases militares. Facto é que pegaram fogo a uma esquadra em Kermanshah, cidade no Oeste e a um hawza (seminário de mullahs) em Takestan, no Norte, alvos da fúria de manifestantes. Protestos e confrontos com a polícia foram observados um pouco por todo o país. Além de 12 manifestantes e um polícia morto (números oficiais), há centenas de pessoas presas.