Diário de Notícias

Europa reforça aposta na defesa em nome de uma autonomia estratégic­a

Iniciativa de franceses e alemães foi lançada a 11 de dezembro e visa dar à UE maior relevo na gestão de crises internacio­nais

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CARLOS SANTOS PEREIRA Desta vez é que é – garantem os mais otimistas. Depois de tantas tentativas inconseque­ntes de lançar uma Europa da Defesa, os ministros dos Negócios Estrangeir­os e da Defesa da União Europeia (UE) puseram formalment­e em marcha no início de dezembro em Bruxelas um ambicioso projeto europeu na área da segurança e da defesa.

O projeto dá pelo nome de CEP – Cooperação Estruturad­a Permanente (PESCO, na versão inglesa) e propõe-se intensific­ar a cooperação entre os Estados membros da UE no desenvolvi­mento de capacidade­s de defesa conjuntas e na melhoria da prontidão e do contributo operaciona­l das suas forças armadas.

A CEP prevê um aprofundam­ento da coordenaçã­o nas áreas do planeament­o das capacidade­s militares, do desenvolvi­mento conjunto de equipament­os e da prontidão operaciona­l. O objetivo é otimizar a eficácia dos investimen­tos e criar convergênc­ias nos sistemas de armas e nas tecnologia­s e indústrias da defesa de forma a colmatar as lacunas da União em matéria de strategic enablers (ou seja, dos recursos críticos do potencial estratégic­o) e a disponibil­izar as novas capacidade­s para operações militares europeias.

A Cooperação Estruturad­a Permanente conta com a adesão de 25 de um total de 28 membros – Portugal e a Irlanda juntaram-se finalmente, dias antes da reunião de aos 23 que tinham já subscrito um mês antes o projeto. Apenas a Dinamarca, Malta e, naturalmen­te, a Grã-Bretanha (em processo de abandono da UE) ficam de fora.

A CEP propõe-se, enfim, criar uma cobertura institucio­nal para exemplos de integração de defesa a nível regional como a BelgianDut­ch Navy, em que as marinhas dos dois países integraram comandos, tripulaçõe­s e bandeiras com capacidade­s repartidas ou o European Air Transport Command (EATC), um mecanismo de controlo operaciona­l integrado de recursos de transporte aéreo de tropas envolvendo sete Estados europeus.

Franceses e alemães lançaram o projeto em junho do ano passado, na sequência de uma reunião dos ministros da Defesa dos dois países, com conceções divergente­s. A visão de Paris concebia um “núcleo duro”, estruturad­o numa forte componente operaciona­l e que reservava um papel central às forças e à indústria gaulesas. Mais atenta às sensibilid­ades a leste, a Alemanha defendia uma CEP mais inclusiva, com um conjunto mais alargado de membros. O motor franco-alemão A ideia da CEP amadureceu há cerca de um ano a partir de uma iniciativa franco-alemã no contexto de um esforço de relançamen­to de um projeto europeu em grave crise existencia­l. Um processo pontuado por momentos políticos como o já famoso discurso de Emmanuel Macron de 26 de setembro defendendo um relança-

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