Falta de mão-de-obra trava investimentos em restauração e alojamento
Emprego. Há investimentos a serem travados pela falta de mão -de-obra para profissões de nível mais baixo e intermédio, diz a associação que representa setor da restauração e alojamento
Associação que representa o setor diz que faltam 40 mil trabalhadores para dar resposta ao crescimento do turismo e às necessidades da nova oferta. Há negócios com abertura atrasada por falta de copeiros, empregados de bar, cozinha e quartos.
Jornadas sobre o mercado de trabalho que vão decorrer no dia 9 contam com a presença do primeiro-ministro e ministro do Trabalho
O turismo tem criado milhares de empregos, mas o ritmo de crescimento que o setor tem registado leva os empresários da restauração e do alojamento turístico a prever que sejam necessários 40 mil novos trabalhadores. Mas a oferta é escassa e as empresas debatem-se com dificuldades em encontrar mão-de-obra. A Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) estima que cerca de metade das empresas da restauração tenham falta de pessoal e avisa que esta situação está a travar novos investimentos.
Faltam empregados de mesa, empregados de bar, copeiros, ajudantes de cozinha, empregados de quarto. A escassez, segundo a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, sente-se sobretudo nas profissões de nível intermédio e mais baixo. “A nota que os empresários nos passam é que têm negócios para abrir e que não o fazem porque não têm recursos humanos suficientes”, afirmou ao DN/ Dinheiro Vivo Ana Jacinto. O setor, refere, precisa “urgentemente de mãode-obra, mesmo que menos qualificada”.
Esta dificuldade em cativar trabalhadores para um setor que está a bater recordes consecutivos desde que Portugal se despediu do programa de ajustamento financeiro , “está a colocar em risco investimentos e o bom funcionamento das unidades” e é sentida por cerca de 50% das empresas de restauração.
Este é um dos dados que a AHRESP consegue extrair do inquérito que está a promover e cujos resultados completos serão divulgados nas jornadas sobre a evolução do mercado de trabalho que vão decorrer na próxima terça-feira e que contarão com a presença do primeiro-ministro e do ministro do Trabalho.
“Tínhamos já recebido vários alertas e, para perceber a dimensão do problema, fizemos um questionário”, precisa Ana Jacinto. O mesmo inquérito dá conta de que a restauração e bebidas e o alojamento turístico precisam de cerca de 40 mil novos trabalhadores a somar aos cerca de 53 mil empregos criados entre o terceiro trimestre de 2016 e o mesmo trimestre de 2017.
Ana Jacinto reconhece que a prática salarial que é genericamente apontada ao setor pode não ajudar a cativar o interesse, mas lembra os passos que recentemente foram dados com o objetivo de “valorizar e tornar mais atrativas” as funções para as quais se sente mais a falta de mão-de-obra.
Entre esses passos sobressai o acordo coletivo assinado entre a AHRESP e os sindicatos afetos às duas centrais sindicais – que inclui pela primeira vez a possibilidade de as progressões na carreira serem com base na avaliação de desempenho e não na antiguidade. E também o reforço da formação e a adaptação dos currículos - um trabalho que, refere a responsável da AHRESP, está a ser levado a cabo pelo Turismo de Portugal. Saliente-se que Luís Araújo presidente do Turismo de Portugal estabeleceu a qualificação da mão-de-obra como um dos grandes desafios a ultrapassar em 2018. A dignificação e a valorização das profissões ligadas ao setor do turismo é, de resto, um dos temas em destaque nas jornadas. Em debate estarão também soluções para combater o problema das empresas em manter os trabalhadores na profissão, sobretudo nas zonas onde a sazonalidade mais influencia o que ganham. O Algarve continua a ser das regiões mais afetadas, uma vez que o perfil do novo turismo em Porto e Lisboa permite ultrapassar este fenómeno.