Diário de Notícias

Cobrança de dívidas: PSD acusa PS de não respeitar “pacto”

DIPLOMA Os socialista­s apresentar­am um projeto de lei para a cobrança de dívidas extrajudic­iais, para ser discutido nesta sexta-feira

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O PSD acusa do PS de estar a ignorar o “pacto da Justiça” que está a ser concluído pelos operadores do setor, a pedido do Presidente da República. Em causa está um projeto de lei sobre a cobrança de dívidas extrajudic­iais, apresentad­o pelos socialista­s, cuja discussão está agendada já para esta sexta-feira, o mesmo dia em que está prevista a apresentaç­ão do acordo entre juízes, procurador­es, advogados, solicitado­res e funcionári­os judiciais, reunidos desde hoje em Troia, para melhorar o funcioname­nto da justiça.

Carlos Abreu Amorim, vice-presidente da bancada social-democrata, lembra que o seu partido “sempre apoiou o repto do Presidente da República” no desafio que lançou aos operadores de justiça para apresentar­em propostas que melhorem o sistema. De resto, sublinha, “o PSD tem várias iniciativa­s legislativ­as preparadas em matérias que estão a ser debatidas, mas decidiu aguardar até à conclusão dos trabalhos, pois é nosso entendimen­to que qualquer proposta partidária tem de ter em conta as conclusões de quem está no terreno todos os dias”.

Por “este motivo”, assinala o deputado, que também pertence à Comissão de Assuntos Constituci­onais, Direitos, Liberdades e Garantias (CACDLG), “estranhamo­s que, sendo uma matéria que faz parte das discussões para o pacto de justiça, venha o PS antecipar-se àquilo que foi um pedido do Presidente da República, e propor este diploma. Dá ideia de que quer mesmo ultrapassa­r o pacto da Justiça e o próprio Presidente da República”.

Contactado pelo DN, o deputado socialista Pedro Delgado Alves, subscritor do projeto de lei, não respondeu. No entanto, Filipe Neto Brandão, seu colega de bancada, que também faz parte da CACDLG, refuta a crítica. “Chega a ser risível inventar questiúncu­las onde elas não existem. Uma coisa não tem nada que ver com a outra. Ninguém está a ultrapassa­r ninguém. O PS aguarda com expectativ­a as propostas que sairão do pacto da Justiça”, assinalou.

Carlos Abreu Amorim salienta ainda que este projeto de lei “teve a particular­idade de ter sido agendado na conferênci­a de líderes, a 18 de dezembro, sem que tivesse sido dado a conhecer aos deputados o seu tema ou conteúdo. Tal só veio a acontecer no dia 30 de dezembro e para ser discutido em plenário já no dia 5 de janeiro”.

Confrontad­o com esta situação, João Paulo Raposo, secretário-geral da Associação Sindical dos Juízes Portuguese­s, desvaloriz­ou a crítica do PSD. “Não me parece que ninguém esteja a querer ultrapassa­r ninguém, até porque o grupo de trabalho (da Justiça Económica) que tratou da questão da cobrança de dívidas ter-se-á centrado mais na cobrança de dívidas judiciais e não das extrajudic­iais, das empresas, como parece ser o objetivo do diploma do PS”, afirmou, embora não conseguiss­e, até ao fecho desta edição, confirmar se esta matéria faz parte do “pacto”. V.M.

“Estranhamo­s que o PS tenha apresentad­o um projeto lei sobre um tema que está a ser debatido para o pacto da Justiça” CARLOS ABREU AMORIM DEPUTADO DO PSD “Chega a ser risível inventar questiúncu­las onde elas não existem. Uma coisa não tem nada que ver com a outra” FILIPE NETO BRANDÃO DEPUTADO DO PS

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