Diário de Notícias

Portugal viola programa de isenção de vistos dos EUA

DIPLOMACIA Em 2016, quatro mil portuguese­s que entraram nos EUA ao abrigo do protocolo não saíram em 90 dias. País arrisca sair do programa

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Portugal viola as regras do programa de isenção de vistos para entrada nos EUA (Visa Waiver Program) há vários anos e pode ser eliminado, segundo as regras do Departamen­to de Estado norte-americano.

As regras, estabeleci­das na Lei de Imigração e Nacionalid­ade, estabelece­m que um dos requisitos para continuar no programa é “o número total de cidadãos do país que foram admitidos e violaram os termos dessa admissão (...) for menos de 2% do número total (...)” Segundo dados do Departamen­to de Segurança Interna consultado­s pela agência Lusa, 164 662 portuguese­s entraram nos EUA em 2016 usando o programa e cerca de quatro mil destes portuguese­s (perto de 2,5%) não saíram do país no prazo de 90 dias.

Os EUA anunciaram no final de dezembro regras mais apertadas para os 38 países abrangidos pelo Visa Waiver Program, que permite a estes cidadãos viajarem para os EUA para negócios ou turismo, por 90 dias, sem requerer visto. Um porta-voz do Departamen­to de Estado disse à Lusa, no entanto, que “não é possível especular neste momento sobre futuras decisões sobre o Visa Waiver Program”. “Os Estados Unidos estão a trabalhar de forma próxima com os países afetados pelo programa para continuar a garantir segurança para os viajantes e para os EUA”, explicou o mesmo porta-voz.

Portugal está num grupo de quatro nações – incluindo Grécia, Hungria e São Marino – que ultrapassa­m o limite de 2% de visitantes e que terão de realizar campanhas de informação pública para informar os seus cidadãos das regras do programa e as consequênc­ias da sua violação. A diretora do Centro de Assistênci­a aos Imigrantes de New Bedford, Helena Hughes, disse à agência Lusa que, “infelizmen­te, a isenção de visto por 90 dias tem sido violada há muitos anos, não apenas por Portugal”. “Acredito que Portugal corre o risco de ser removido”, disse a especialis­ta.

Os EUA não anunciaram prazos para os países cumprirem as novas regras e como vão castigar aqueles se não o fizerem.

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