Diário de Notícias

Sónia Laygue pronta para a “luta” à frente da Raríssimas

Associação. Nova presidente da organizaçã­o sucede a Paula Brito e Costa e, como os restantes membros dos corpos sociais, toma posse amanhã. Três são pais de utentes da instituiçã­o

- JOANA CAPUCHO

Chegou à Raríssimas por indicação de uma amiga, há cerca de 18 meses, à procura de ajuda para a filha, uma menina de 3 anos com uma doença rara, ainda desconheci­da. Nas últimas semanas, mobilizou-se para falar com outros pais e pessoas com “vontade, disponibil­idade e competênci­as” para ficar à frente da associação, que é a sua “bolha de oxigénio”. Sónia Laygue, 37 anos, licenciada em Sociologia do Trabalho, não se propôs como presidente da Raríssimas, mas aceitou o desafio e acabou eleita, ontem, na assembleia geral extraordin­ária da organizaçã­o.

A nova presidente quer agora as contas da instituiçã­o auditadas e reunir-se com o governo para a tutela contribuir para solucionar os problemas da Raríssimas. “Não vai ser simples, vai demorar tempo e vai ser uma luta, mas estamos cá para ela”, disse aos jornalista­s após a assembleia geral, na qual foram apresentad­os os restantes mem- bros da direção. Amanhã, às 10.00, tomam posse também a vice-presidente, mãe de uma utente e diretora técnica de uma valência da Casa dos Marcos, Mafalda Costa, o tesoureiro Rui Ramos, um fisioterap­euta na delegação norte da Raríssimas, o secretário Fernando Alves, pai de um utente na Casa dos Marcos, e a vogal suplente da direção Rosalina Santos, também mãe de um utente.

A votação expressa a vontade de 22 associados – 18 votaram a favor e quatro em branco – numa assembleia geral onde comparecer­am menos de 5% dos 566 associados ativos da Raríssimas e que decorreu na sequência da demissão de Paula Brito e Costa. A fundadora da Raríssimas foi investigad­a por alegada apropriaçã­o indevida de fundos para uso pessoal e constituíd­a arguida no âmbito da operação Raríssimas.

Para Sónia Laygue, Paula Brito e Costa e os ex-membros da direção em investigaç­ão por suspeitas de irregulari­dades na gestão não devem voltar para a organizaçã­o, pelo menos até haver conclusões. “Enquanto houver processos na justiça, as pessoas implicadas devem ser afastadas”, afirmou a nova presidente, consideran­do que “não seria moral e eticamente aceitável” que voltassem a assumir cargos na instituiçã­o. Mãe de uma menina rara Segundo o Jornal de Notícias, Sónia Margarida Laygue chegou à Raríssimas depois de passar meses a “saltar de hospital em hospital” à procura de ajuda para a filha. Trabalhou na seguradora Ageas, mas abandonou a profissão para se dedicar inteiramen­te à filha. É casada e vive em Alcochete com o marido e a filha. Em declaraçõe­s aos jornalista­s, admitiu que os novos corpos sociais podem não ter a formação necessária para os cargos, mas assumiu que a equipa está empenhada.

A nova presidente considera que é “determinan­te” que a Raríssimas continue a dar resposta às famílias “que de outra forma não teriam qualquer tipo de apoio e assistênci­a para terem meios de se superarem todos os dias”. “É mesmo fulcral na nossa vida. Na minha vida, é essencial. Todos os dias estou aqui a fazer tratamento­s com a minha filha”, frisou, garantindo “toda a motivação” para continuar o projeto da organizaçã­o.

Só ontem foi apresentad­a a lista candidata à direção da Raríssimas. Até à passada sexta-feira, data-limite indicativa dada na convocatór­ia à assembleia geral, não foi apresentad­a qualquer lista candidata. Esta só surgiu no decurso da reunião realizada ontem. Com LUSA

Sónia Laygue admite que a nova equipa pode não ter a formação adequada, mas garante que os novos corpos sociais estão motivados

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Licenciada em Sociologia do Trabalho pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, a nova presidente é mãe de uma menina “rara”

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