Não se confundam!
Aideia de que uma série de jornalistas estaria a ser paga pelo Benfica para dar informação e receber informação é aterradora. Para o desporto, mas sobretudo para o jornalismo. Não é profissão isenta de responsabilidades em muita coisa, mas este e-mail, que o alegado autor desmente, esbarra num problema: o nome dos vários jornalistas com quem trabalhei e trabalho. Gente séria e competente que não se vende por um prato de lentilhas.
Não é segredo nenhum, eu sou adepto fervoroso do FC Porto, mas no exercício da profissão não me deixo confundir. Como eu, conheço muitos jornalistas do FC Porto, do Benfica, dos Sportings (de Portugal e de Braga), dos Vitórias (de Setúbal e de Guimarães), do Belenenses... que não se deixam confundir. Paixão pelo clube no futebol e pela verdade no jornalismo.
Mesmo no comentário, atividade que não está vedada a jornalistas mas não é jornalismo, é importante fazer uma distinção clara entre o comentador adepto, que existe para defender o seu clube, e o comentador de profissão, ao qual se exige isenção e independência.
Uma série de jornalistas viu o seu nome manchado com a divulgação deste e-mail, que começou por circular nas redes sociais e acabou em vários órgãos de comunicação social, sem que alguém tivesse conseguido confirmar, sem margem para dúvidas, a sua veracidade. Não digo isto por estarem envolvidos jornalistas, sempre o disse em relação a qualquer outro. E mesmo que alguém prove a veracidade do e-mail, isso não lhe dá o direito de assumir que aquilo que ali está escrito aconteceu e teve consequências. Numa eventual confirmação da existência daquele e-mail, escrito por aquela pessoa, como base de partida, isso compromete-o em exclusivo a ele próprio.
Não se confundam, é possível ser adepto de um clube e exercer a profissão de jornalista cumprindo todas as regras. Por aqueles que conheço não há e-mail que possa abalar a seriedade com que exercem a profissão. A eles agradeço a honra de os poder ler e ouvir no jornalismo desportivo.