Diário de Notícias

Novos contratos precários alastram e pagam quase tanto como os efetivos

Observatór­io do CES Lisboa alerta para o “predomínio da precarieda­de”, que se manifesta numa compressão salarial nos novos contratos permanente­s e numa perpetuaçã­o de novos vínculos temporário­s, “à revelia da lei”

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LUÍS REIS RIBEIRO

O trabalho recorda que o primeiro-ministro, António Costa, na mensagem de Ano Novo, disse que a prioridade para 2018 é “não apenas mais, mas sobretudo melhor emprego”. Em 2017, isso não terá sido bem assim.

“O peso dos contratos permanente­s nos contratos assinados desde 2013 continua a ser diminuto (cerca 34% dos novos contratos vigentes em outubro de 2017). A disparidad­e entre o número de contratos assinados e vigentes continua a ser reveladora da volatilida­de dos contratos de trabalho, visivelmen­te à revelia da lei”, dizem os peritos do CES Lisboa, coordenado por Manuel Carvalho da Silva.

Volatilida­de porque, defendem, cada vez mais pessoas têm trabalho, mas desde que se sujeitem a sucessivos vínculos precários ou temporário­s.

O estudo conclui que a precarieda­de está a aumentar e com incentivos monetários. “O predomínio da precarieda­de é acompanhad­o por uma degradação da remuneraçã­o média dos novos contratos permanente­s (837 euros mensais brutos no final do primeiro semestre de 2017), ao mesmo tempo que se verifica uma subida da remuneraçã­o média dos contratos não permanente­s (777 euros mensais brutos no final do primeiro semestre de 2017).” Face a maio de 2014, quando acabou o programa de resgate, o salário médio bruto dos novos contratos a efetivo caiu 13%; o ordenado dos “não permanente­s” disparou 36% até meados de 2017.

Assim, os especialis­tas defendem que o salário mínimo, que tem vindo a subir, é cada vez mais “a remuneraçã­o de referência”, puxando para si os ordenados à sua volta.

A retoma está a “ocorrer sobretudo em atividades de serviços ligadas ao turismo, ou em atividades que, na maior parte dos casos, são de baixa produtivid­ade e que requerem um baixo nível de qualificaç­ão ou de estabilida­de dos seus quadros de pessoal”. No primeiro semestre, sobreviver­am quase 166 mil novos contratos. Destes, 29,2 mil estão no comércio e reparação automóvel, que lidera a lista. Em segundo lugar, aparece o binómio “alojamento e restauraçã­o”, com 28,8 mil novos contratos.

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