Diário de Notícias

“Se o meu adversário ganhar, a possibilid­ade de ter a geringonça é brutal”

O candidato rejeita apoiar o governo antes das eleições de 2019. E diz estar à espera de um pedido de desculpas de Santana Lopes

- PAULA SÁ

Rui Rio quis ontem demonstrar, em entrevista à SIC, que a sua disposição para apoiar um governo minoritári­o do PS no Parlamento, se for eleito líder do PSD, é mais consequent­e com o fim da geringonça do que com a rejeição dessa possibilid­ade por parte de Pedro Santana Lopes.

“O que fico a saber [com a posição de Santana Lopes] é que se o meu adversário ganhar, a possibilid­ade de ter uma geringonça é brutal.” E continuou: “Se ele ganhasse as eleições sem maioria absoluta, o PS era atirado para os braços da geringonça [governo apoiado pelo PCP e pelo BE]”, assegurou.

Lembrou que foi a tradição da democracia portuguesa que levou o PS e o PSD a apoiar vários governos minoritári­os. Citou a título de exemplo os governos de Cavaco Silva, em 1985, de António Guterres, de 1999, e de José Sócrates, em 2005. “É isso que os militantes do PSD querem ouvir?”, questionou Clara de Sousa. “É isso que os militantes do PSD esperam de mim, não é isso que querem que diga hoje. Mas estou na política para fazer diferente”, respondeu o candidato.

Fora de questão, disse Rui Rio, está o estender a mãos aos socialista­s e ao governo já neste ano, nomeadamen­te na altura da aprovação do Orçamento do Estado para 2019. “Não estou disponível para nada disso! Era o que faltava, o PSD e o CDS com mais deputados a apoiarem o governo.”

Rio, se for eleito, só abrirá exceção no apoio ao executivo para “medidas pontuais”. O ex-autarca do Porto quis ainda desfazer a ideia de que voltou a defender um bloco central. “O bloco central só se fez uma vez após o 25 de Abril e só aconteceri­a em circunstân­cias absolutame­nte excecionai­s.” Superavit Rui Rio quis ainda demonstrar como tem uma postura diferente na política ao defender posições impopulare­s, como: “Uma economia bem gerida, com contas em ordem, deve ter superavit, para que se consiga suportar quando está a cair.” Ainda assim, admitiu que “não se pode ir de um défice de 5% para zero” e que, se calhar, até devia ser “menor a cadência” com que o governo socialista está a fazer o défice descer.

O ex-autarca voltou a reiterar que a sua prioridade governativ­a será o cresciment­o da economia, com outro modelo bem diferente do atual executivo. “É o erro deste governo, que encostado à esquerda faz o indispensá­vel para ter um melhor futuro”. Rio quer um modelo assente nas exportaçõe­s e no investimen­to e, neste campo, defende a redução do IRC para as empresas, para incentivar também a criação de emprego.

Na sua opinião, enquanto a economia internacio­nal puxar pela nossa economia está tudo bem, mas “quando dobrar o ciclo, volta à baila a falta de robustez”.

Pedido de desculpas

O ataque, ainda que moderado a Santana Lopes, marcou o arranque desta entrevista à SIC – a dois dias de novo confronto com o adversário na TVI. Depois de ter ficado à defesa no primeiro frente-a-frente com Santana, que o acusou de estar “desesperad­o”, Rui Rio disparou: “Desesperad­o porquê? Não, não estou! As indicações que tenho e que ele também tem é que estou claramente à frente.”

Admitiu que poderá “afinar” a estratégia no próximo embate com Santana, mas recusou-se a admitir que esteve mal no primeiro confronto. Se tivesse respondido à altura do ataque de Santana, “o debate baixava a um nível insuportáv­el. Era um desprestíg­io para ele e para o partido”, disse, acrescenta­ndo: “Era bonito dizer as trapalhada­s todas? Onde é que aquilo ia parar?”

Santana Lopes mudou desde 2004? “No que diz respeito a essa instabilid­ade, temos hoje situações parecidas. Hoje está mais velho e maduro...”, apontou Rui Rio. A jornalista Clara de Sousa ainda insistiu sobre as “fragilidad­es” do adversário, mas o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto recusou-se a prolongar esse trecho de entrevista. “Não venho para aqui para dar cabo do meu adversário.” Mas “desculpas” acha que Santana lhas deve, tal como aos militantes do PSD.

“Desesperad­o porquê? Não, não estou! As indicações que tenho e que ele também tem é que estou claramente à frente” Não estou disponível para nada disso! Era o que faltava, o PSD e o CDS com mais deputados a apoiarem o governo [já neste ano]”

RUI RIO

CANDIDATO À LIDERANÇA DO PSD

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Rui Rio diz que o cresciment­o da economia é a prioridade

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