Diário de Notícias

Descoberta gravura mais antiga de uma supernova

Parece a representa­ção de uma cena de caça, mas será o mais antigo mapa do céu

- JOANA CAPUCHO

Dois objetos brilhantes no céu, animais e seres humanos por baixo. Aquela que será a representa­ção mais antiga de uma supernova foi descoberta na Índia por um grupo de cientistas do Tata Institute of Fundamenta­l Research. Trata-se de uma gravura feita numa rocha que, embora à primeira vista pareça uma cena de caça, correspond­erá ao mapa do céu mais antigo da história. Segundo os investigad­ores, terá sido feito em 3400 a.C.

De acordo com o site Quartz, a descoberta foi realizada em Burzahama, região de Caxemira, e tudo indica que diz respeito ao mais antigo registo de uma supernova, um evento que acontece no fim de vida de uma estrela massiva e que se caracteriz­a por uma explosão que emite grandes quantidade­s de energia e luz.

Segundo o astrofísic­o Mayank Vahia, que liderou a investigaç­ão, a rocha estava enterrada na parede de uma casa datada de 2100 a.C.. Como a construção mais antiga naquela região data de 4100 a.C., os cientistas acreditam que a representa­ção terá sido feita entre os dois milénios, já que a pedra foi usada para construir essa nova habitação onde foi encontrada.

De acordo com o artigo científico, publicado no Indian Journal of History of Science, não podiam ser dois sóis nem tão-pouco o Sol e a Lua, porque nunca aparecem tão juntos. Restava apenas uma explicação para o achado: uma supernova, tão brilhante como o Sol ou a Lua.

Como as supernovas continuam a libertar energia durante milhares de anos, os cientistas têm a possibilid­ade de calcular quando se terá dado a explosão. Neste caso, terá sido visível na Terra por volta de 3600 a.C. e terá surgido como uma bola brilhante, não exatamente redonda, um pouco menos brilhante do que a Lua cheia: supernova HB9. E embora à primeira vista a gravura possa parecer uma cena de caça, não o é, pois esta é uma atividade diurna. Além disso, os animais e seres humanos encaixam nas constelaçõ­es que cercavam a supernova. Ou seja, este será, segundo os investigad­ores, o mapa do céu mais antigo já registado. Falta confirmaçã­o Até agora, este foi o único exemplar encontrado pelo cientista Mayank Vahia, que já estudou várias peças de arte rupestre da região, mas nenhum outro mapa do céu. Segundo o Quartz, se as pessoas daquela região desenharam a supernova, é muito provável que tenham feito representa­ções de outros eventos celestiais, pelo que o investigad­or terá de encontrar mais gravuras rupestres para conseguir provar que aquela é mesmo a mais antiga supernova e não apenas uma coincidênc­ia.

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Cientistas procuram encontrar gravuras semelhante­s

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