Diário de Notícias

A agência que gere a dívida pública divulgou ontem o plano de financiame­nto de 2018. Mercado espera uma grande emissão nos próximos dias

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RUI BARROSO Os analistas e os investidor­es antecipam uma grande emissão de dívida portuguesa nos próximos dias, prevendo que o Tesouro aproveite as taxas de juro favoráveis para arrancar de forma forte o plano de financiame­nto do ano. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) confirmou ontem que prevê ir buscar 15 mil milhões de euros aos mercados em 2018.

Nos últimos anos, a segunda semana de janeiro tem sido aproveitad­a pelo IGCP para dar um arranque forte ao plano de financiame­nto, através de emissões com recurso a sindicatos bancários a envolver valores entre 3000 milhões e 4000 milhões de euros. Num leilão normal, o Tesouro costuma encaixar mil milhões.

Do lado dos investidor­es e de alguns bancos de investimen­to já se espera por uma repetição do que aconteceu nos últimos anos, com uma emissão a envolver valores elevados nos próximos dias. “Tendo em conta algumas movimentaç­ões no mercado hoje [ontem], os investidor­es estão a pensar nisso, tal como aconteceu em 2016 e 2017”, realça Jean-Christophe Machado ao DN/Dinheiro Vivo. O analista do banco Natixis adianta que não foi feita ainda nenhuma comunicaçã­o oficial sobre essa operação, mas realça que “como as taxas portuguesa­s são extremamen­te baixas, seria bom para o IGCP se conseguiss­e colocar cerca de quatro mil milhões de euros”.

Contrariam­ente aos leilões de obrigações, que são anunciadas com alguns dias de antecedênc­ia, as emissões feitas com recurso a sindicato bancário apenas são divulgadas no próprio dia. Questionad­o sobre se estava a ser preparada uma emissão desse tipo, o Ministério das Finanças não quis comentar.

Na sexta-feira, os analistas do Commerzban­k previam que Portugal utilizasse esta semana como uma janela de oportunida­de para “emitir uma nova obrigação sindicada a dez anos, tirando partido das condições de financiame­nto proporcion­adas pelos juros perto de mínimos”. Também Anne Karina Asbjorn, analista do Nomura, refere ao DN/Dinheiro Vivo que “Portugal normalment­e escolhe a segunda semana completa do ano para a primeira emissão sindicada, e como a Irlanda emitiu na semana passada, pensamos que isso sugere que uma nova obrigação a dez anos pode chegar ao mercado na semana de 15 de janeiro”.

No mercado secundário, que serve como uma indicação de quanto Portugal teria de pagar para se financiar, os investidor­es exigem 1,882% para comprar dívida nacional a dez anos. “É um bom momento para emitir porque as taxas a dez anos rondam os 1,8%, melhor do que a taxa da dívida italiana”, refere Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa. Também a equipa de research do BiG considera que é “expectável que o IGCP avance para uma emissão sindicada com celeridade devido às condições de financiame­nto amplamente favoráveis”. Até porque, realça, os custos de financiame­nto deverão começar a subir de forma gradual neste ano no contexto da retirada das compras do Banco Central Europeu. O IGCP, liderado por Cristina Casalinho, prevê emitir 15 mil milhões neste ano

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