Schulz quer Alemanha como motor da política da União Europeia
Partidos têm até sexta-feira para decidir se começam negociações oficiais para formar uma Grande Coligação
NEGOCIAÇÕES Martin Schulz voltou ontem a insistir naquele que considera ser o seu maior trunfo nas negociações de um novo governo alemão: a União Europeia. À entrada para o segundo dia de conversações com os conservadores da chanceler Angela Merkel, o líder dos sociais-democratas e ex-presidente do Parlamento Europeu disse esperar que as negociações permitam fazer da Alemanha “o motor da política europeia”.
Até à próxima sexta-feira, Schulz e Merkel vão decidir se há ou não condições para lançar negociações formais para uma nova Grande Coligação (SPD e CDU/CSU governaram juntos no primeiro e no terceiro mandato de Merkel como chanceler). A Alemanha está sem novo governo pois as eleições legislativas de 24 de setembro não deram a maioria absoluta a ninguém e é preciso encontrar uma aliança de governo. As tentativas para formar uma coligação entre CDU/CSU, liberais do FDP e Verdes falharam. Se estas agora também falharem, Merkel ou governa em minoria com acordos pontuais no Bundestag ou são convocadas novas eleições legislativas na Alemanha.
No entender do SPD, é preciso dar uma resposta à proposta de refundação da Europa, vinda do presidente francês. Emmanuel Macron defendeu ideias como políticas de defesa e asilo comuns ou a criação de uma taxa sobre as transações financeiras destinada a apoiar os países mais pobres. Mas com o impasse político alemão (juntamente com o do brexit), o chefe do Estado francês ficou um pouco à espera para ver com quem pode afinal contar para esta refundação da União Europeia.
Noutras ocasiões, Schulz defendeu já a existência de uns Estados Unidos da Europa, com a realização de uma nova convenção europeia para se chegar à redação de um novo tratado. Mas todo este processo existiu no passado e o que sobrou da Constituição Europeia, chumbada nos referendos realizados em França e na Holanda, pouco tem que ver com federalismo. Chama-se Tratado de Lisboa.
Segundo fontes dos partidos de Merkel e de Schulz, outro dos temas em discussão nestas negociações exploratórias é a emissão de CO2. Os dois partidos terão concordado em baixar a fasquia no que toca ao ambicioso plano de reduzir as emissões de gás com efeito de estufa em 40% para os níveis de 1990 até 2020, de acordo com a agência Reuters. Um recuo nestas metas será entendido como um embaraço para a chanceler democrata-cristã, que sempre fez do clima uma das bandeiras da sua governação. Os partidos terão concordado que, devido ao elevado crescimento económico e ao número de imigrantes, é provável que a Alemanha não consiga cumprir as metas assumidas. SPD e CDU/CSU também terão concordado em que o consumo de energias renováveis aumente de um terço para para 65% em 2030. P.V.