“Apesar de, no plano teórico, sermos amadores, a nossa dedicação é de profissionais”, frisa o capitão de equipa do Caldas, Rui Almeida
dantes (do plantel, só Filipe Ryan se dedica exclusivamente ao futebol) conseguiu chegar até aqui. “O que fazemos são verdadeiros milagres. Apesar de, no plano teórico, sermos amadores, a nossa dedicação é de verdadeiros profissionais”, sublinha o capitão de equipa, Rui Almeida.
O defesa central, formado no Caldas e responsável pelas suas camadas jovens, é um dos símbolo da filosofia do emblema caldense: gastar pouco e apostar muito na prata da casa (para esta temporada, apenas foram contratados dois reforços). “Mantemos os jogadores há muito tempo. Eles conhecem o clube e a forma de jogar uns dos outros. E esse é um ponto a nosso favor. Em poucas equipas se nota esta estabilidade”, sublinha José Vala.
A política desportiva do Caldas é a antítese do futebol moderno. Há cerca de dez anos, o clube escapou in extremis à descida aos distritais, após decidir cumprir um “ano zero”, quase sem gastos, para pagar as dívidas que se avolumavam: aí descobriu as vantagens da aposta na formação, que ainda se mantém. “Temos de nos sentir orgulhosos de fazer parte de um clube com esta visão. Mas não somos coitadinhos nem temos medo dos clubes que têm tudo o que futebol moderno envolve, como SAD e investidores. Temos outras armas, que a longo prazo funcionam melhor”, sublinha Rui Almeida. “Conseguimos criar uma estrutura que muitos clubes não têm (falta que os faz terem muitos problemas quando os investidores vão embora...). Temos um ambiente familiar, muito saudável, entre todos nós”, acrescenta Jorge Reis, lamentando que agora se veja “o futebol como um negócio e os adversários como inimigos”. Na Mata: o futebol em estado puro No velhinho Campo da Mata, o futebol não perdeu a essência de outros tempos: quando há jogos grandes, no bosque em volta, sente-se um ambiente semelhante ao do Estádio Nacional em dias de final da Taça de Portugal. Foi o que se viveu, a 30 de dezembro, na visita da Briosa. “Foi uma festa, porque a Académica correspondeu: vieram 1. Jogadores do Caldas fizeram a festa da passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal num Campo da Mata completamente lotado, com cerca de 8000 pessoas 2. O capitão de equipa, Rui Almeida, elogia a visão do Caldas, que aposta em jovens da região. “Não somos coitadinhos nem temos medo dos clubes com SAD e investidores”, frisa quase 3000 adeptos de Coimbra. Criou-se um ambiente de mini-Jamor, com respeito mútuo, piqueniques e partilha entre adeptos dos dois clubes”, recorda José Vala.
Então, estiveram 8000 espectadores a lotar as bancadas de pedra do Campo da Mata – bem mais do que os cerca de 300 que habitualmente assistem às partidas do campeonato. “O nosso mini-Jamor é o espaço ideal para se fazer a festa... é o futebol na sua pureza. E, com estes jogos, conseguimos reaproximar a cidade do clube. Tem sido muito gratificante”, afirma o presidente.
Agora, José Vala, Jorge Reis e Rui Almeida só pedem que os adeptos voltem a comparecer em força, na quarta-feira, no jogo com o Farense. “Se treinadores e jogadores tiveram de pedir folgas, meter dias de férias, e alguns até vão faltar a exames ou frequências, façam também esse sacrifício por nós, pelo clube, pelas Caldas”, apela o treinador. Parece uma recompensa justa para os filhos da terra ou da região Oeste que conseguiram devolver o Caldas à ribalta do futebol português.