Diário de Notícias

Greve na Autoeuropa está afastada mas horas extra travam acordo

Maior sindicato da fábrica de Palmela acusa administra­ção de não contribuir para a paz social e quer aumento mínimo de 50 euros devido à produção aos sábados. Trabalhado­res vão voltar a reunir-se em plenário até dia 29

- DIOGO FERREIRA NUNES

“Na reunião [de terça-feira] foi dito [pela administra­ção] que o sábado será pago como um dia normal de trabalho. Ponto”

ROGÉRIO SILVA DIRIGENTE DA FIEQUIMETA­L

Está afastado o cenário de nova greve na Autoeuropa. Apesar de os trabalhado­res terem aprovado, em dezembro, a paragem da fábrica a 2 e 3 de fevereiro, o maior sindicato da empresa não deverá entregar pré-aviso de greve nas próximas semanas. “Há ainda muita margem para negociar”, diz o SITE-Sul, afeto à CGTP, que deixou seis sugestões à administra­ção para que continue a dialogar com a comissão de trabalhado­res e de forma a que o trabalho ao sábado deixe de ser imposto mas sim de adesão voluntária. Até lá, haverá novos plenários. O pagamento aos sábados é o principal ponto de discórdia.

“Na reunião [de terça-feira],foi dito [pela administra­ção] que o sábado será pago como um dia normal. Ponto. Para que fique claro de uma vez por todas: na reivindica­ção que os trabalhado­res apresentam – tendo eles disponibil­idade para trabalhar aos sábados –, está implícito o pagamento como trabalho suplementa­r tal como hoje é praticado na Autoeuropa”, referiu Rogério Silva, dirigente da Fiequimeta­l, federação a que pertence o SITE-Sul.

Contactada pelo DN/Dinheiro Vivo, a administra­ção da empresa nega que o trabalho ao sábado não vá ser pago como horas extra. E lembra: a nota interna enviada em dezembro refere que há um “prémio adicional de 100% sobre cada sábado trabalhado”.

A administra­ção da empresa, liderada por Miguel Sanches, tentou clarificar a situação no início da semana. “Além do trabalho mensal, cada sábado trabalhado é pago com um acréscimo no valor de uma dia normal de trabalho”, refere a empresa numa nota enviada aos trabalhado­res na segunda-feira, a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso.

Por cada sábado de produção a partir de dia 29 deste mês, os trabalhado­res vão receber mais 4,6% por uma semana de cinco dias de trabalho em comparação com o montante recebido atualmente pelo trabalho entre segunda a sexta-feira.

Por exemplo, um operário do escalão mais baixo de produção (A0), em vez de receber 825 euros brutos passa a auferir 863 euros por mês. No entanto, deixa de ter folgas dois dias consecutiv­os e só tem descanso fixo ao domingo; o outro dia de folga irá decorrer a meio da semana, segundo o horário imposto pela administra­ção a partir de dia 29 deste mês.

Esta compensaçã­o pelo trabalho ao sábado fica abaixo das pretensões do SITE-Sul, que defende aumentos salariais não inferiores a 50 euros por mês e que este dia de laboração seja voluntário e não obrigatóri­o. Além destas duas propostas, este sindicato sugeriu também à administra­ção que a empresa passe a “suportar qualquer acréscimo de despesa dos trabalhado­res que tiverem de deixar filhos com amas; uma nova linha de montagem na fábrica para “permitir melhor organizaçã­o do tempo de trabalho no futuro e para ter mais capacidade produtiva”; e o “aumento das duas pausas diárias, de sete para 15 minutos, para prevenir mais doenças profission­ais” na fábrica de Palmela.

A administra­ção aceitou estudar estas sugestões. “Tem havido pequenas evoluções” da parte da Autoeuropa, entende o sindicato. Hoje, a empresa vai voltar a reunir-se com a comissão de trabalhado­res para tentar chegar a um novo acordo. A Autoeuropa tem de produzir 240 000 unidades em 2018 para responder à forte procura pelo SUV T-Roc em toda a Europa. E para afastar o cenário de deslocaliz­ação de parte da produção de Palmela para outras fábricas do grupo.

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Autoeuropa, uma das maiores exportador­as do país, emprega, direta e indiretame­nte, 8700 pessoas em Palmela
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