Diário de Notícias

ALIMENTAÇíO, ENERGIA, TRANSPORTE­S E EDUCAÇÃO AUMENTAM ACIMA DA INFLAÇÃO

Custo de bens alimentare­s, energia transporte­s, educação, restaurant­es e hotéis aumentou acima do nível geral de preços

- PEDRO ARAÚJO

O preço de vários bens alimentare­s cresceu, em 2017, acima do valor homólogo da inflação geral apurado em dezembro último. O mesmo sucedeu com alguns produtos e serviços no setor da energia (combustíve­is e gás), transporte­s, educação e saúde. Pelo menos dois terços do orçamento familiar foi tocado, em maior ou menor grau, pela subida do custo de vida.

O índice relativo a dezembro de 2017 dá conta de um aumento geral dos preços na ordem de 1,5% relativame­nte a igual mês do ano anterior. No entanto, aquele valor não revela, por si só, o impacto real nos orçamentos dos particular­es. Cerca de 14% dos gastos familiares mensais destinam-se à alimentaçã­o. Só nessa categoria, houve um agravament­o de 2,2% no pão e cereais, 3,1% na carne, 2,1% no peixe, 1,8% no leite, queijo e ovos, 8,2% nas bebidas não alcoólicas e 12% na água mineral, refrigeran­tes e sumos de fruta. Efeito da seca “Todos os produtos que eventualme­nte afetados por alterações climatéric­as poderão ter sofrido aumento de preços. A seca afetou os produtos de origem animal (carne, por exemplo) e aqueles que são provenient­es da terra”, refere Pedro Pimentel, diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Produtos de Marca (Centromarc­a).

“O aumento no leite explica-se pela crise do setor em 2016, com reflexos na variação de 2017. Quanto aos produtos agrícolas, não acredito que a seca em Portugal tenha tido impacto significat­ivo. A distribuiç­ão compra os produtos em vários países, exceto no caso da castanha, produto muito específico do nosso país, que teve um aumento de preço na ordem dos 60%”, contrapõe Luís Mira, secretário-geral da Confederaç­ão dos Agricultor­es de Portugal (CAP). Segundo as previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatístic­a (INE), além das castanhas, a seca também chegou ao arroz, um produto de mais fácil importação e, portanto, suscetível de encarecer pelo facto de ser provenient­e de outros países.

Os aumentos de 12% na categoria de “água mineral, refrigeran­tes e sumos de frutas e de produtos hortícolas” e de 8,2% nas “bebidas não alcoólicas” têm uma explicação distinta. “A subida de preços ficou a dever-se ao agravament­o fiscal ditado pelo Orçamento do Estado para 2017. Passaram a estar sujeitas ao imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas (IABA) as bebidas adicionada­s de açúcar ou de outros edulcorant­es (refrigeran­tes, águas aromatizad­as e bebidas energética­s), as que têm um teor alcoólico entre 0,5% e 1,2% e ainda os concentrad­os, sob a forma de xarope ou pó, destinados à preparação daquelas bebidas. O boom do turismo O índice elaborado pelo INE dá conta de aumentos de preços na restauraçã­o (2%) acima do valor global da inflação homóloga (1,5%). Muito superior foi o agravament­o na categoria “serviços de alojamento”, com uma subida de 8,47%. “Trata-se da evolução do turismo, não só em quantidade como sobretudo em qualidade. O preço da diária para o turista subiu muito, o que é bom sinal, mas acredito que grande parte da estatístic­a do INE seja mais influencia­da pelos hotéis e não tanto pelo alojamento local”, explica Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal .

Por fim, bens tão essenciais como os medicament­os (3,76%) ou serviços como o metro ou o autocarro (1,88%)subiram bem acima do nível geral de preços.

Em compensaçã­o, o salário mínimo nacional subiu 5% em 2017, de 530 para 557 euros, dando um novo salto, para os 580 euros, no início deste ano. Abrange “apenas” 713 mil trabalhado­res, mas acaba por inflaciona­r outros escalões salariais.

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Produtos alimentare­s têm um peso de 14% no orçamento das famílias, apenas superado pelo da habitação, gás e eletricida­de

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