A abertura aos consensos e um grande apoio à descentralização
Rio quer ganhar as legislativas, mas assume dar apoio a um governo minoritário do PS, partido com o qual admite entendimentos
COMBATE Rui Rio deixou a ameaça a pairar, na TSF, a dois dias das diretas no PSD. Com ele ao leme do partido, quem tentar minar o caminho dos líderes – no caso referia-se implicitamente a Miguel Relvas, que não alvitrou longa vida ao futuro presidente laranja na véspera da eleição –, é para meter na ordem. De Santana Lopes, que derrotou, já disse que conta com ele para a união do PPD/PSD.
Se no partido anuncia rigor, Rui Rio traz com ele um programa, que irá ser sufragado no congresso de fevereiro, que aponta a descentralização como a reforma na qual o PSD se deve empenhar. O que conjugado com a disponibilidade que manifestou para fazer consensos em torno das questões estruturantes para o país, mostra que será um parceiro de discussão com o governo sobre esta matéria. O executivo de António Costa já tem em marcha todo o processo de descentralização e é muito provável que envolva nele Rui Rio.
O pacto para a justiça, para o qual o Presidente da República lançou um repto aos partidos e aos agentes judiciais (que já entregaram um documento com 80 medidas), também é provável que avance com o novo presidente do PSD. A transformação do sistema judicial é uma das suas bandeiras, já que tem uma visão muito crítica do funcionamento do Ministério Público. Rui Rio não se quis comprometer com a renovação do mandato da procuradora-geral da República.
Um novo modelo económico alternativo ao do governo vai ser outra das suas apostas. Rio defende que a subida da riqueza do país só pode acontecer com a conquista dos mercados externos e a aposta nas exportações e no investimento. Defende, por isso, uma descida do IRC para as empresas.
Nestes dois próximos anos de combate político ao PS, vai à procura de uma vitória nas eleições europeias do próximo ano e nas legislativas de 2010. Mas já admitiu claramente que se as perder e o PS tiver maioria relativa, ajudará a dar apoio parlamentar ao governo. Tudo para evitar a frente de esquerda, PCP e BE.
PAULA SÁ