Omar Barboza, o novo rosto da oposição a Nicolás Maduro
Político veterano foi eleito (apesar da desconfiança) líder da Assembleia Nacional para 2018, ao abrigo do acordo de rotatividade que existe na Mesa de Unidade Democrática
Advogado e economista de 73 anos é o líder do partido Um Novo Tempo, sendo muito próximo de Manuel Rosales, candidato presidencial em 2006 contra Chávez
SUSANA SALVADOR O novo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Omar Barboza, tomou posse na semana passada com a promessa de trabalhar para voltar a unir a oposição. Mas a eleição do líder do partido Um Novo Tempo (UNT, social-democrata) esteve envolta em desconfiança, devido às acusações de que existem pactos de bastidores com Nicolás Maduro. O presidente já deixou, contudo, um aviso ao novo rosto da oposição: “Se queres meter-te com o povo, vai meter-te comigo e vou enfrentar-te por todas as vias políticas possíveis. Toma cuidado, porque podes acabar muito mal.”
O advogado e economista de 73 anos, que nasceu em Maracaíbo (capital de Zulia), iniciou a carreira política na Ação Democrática (AD), um partido que, nas décadas prévias à revolução bolivariana de Hugo Chávez, esteve várias vezes à frente do país. Durante o mandato de Jaime Lusinchi (1983-1988), marcado pela crise económica e pela corrupção, Barboza foi nomeado governador de Zulia. Nesse período foram encontrados “poços da morte”, onde eram enterradas as vítimas de violações de direitos humanos atribuídas às forças de segurança.
Quando os governadores passaram a ser eleitos diretamente, Barboza falhou a reeleição, entrando em 1998 para o Congresso. Após a eleição de Chávez, e numa altura em que os partidos tradicionais estavam em crise, dá-se uma cisão na AD em Zulia. Barboza, Manuel Rosales (que viria a ser governador do estado e candidato presidencial contra Chávez em 2006) e Pablo Pérez Álvarez formariam então o Um Novo Tempo. Barboza assumiu a direção do partido em 2007.
É a ligação a Rosales, que se exilou no Peru após ser acusado de corrupção, que gera desconfiança em relação ao novo líder da Assembleia Nacional. Rosales voltou em outubro de 2015 e foi detido, sendo libertado mais de um ano depois ao abrigo do acordo para facilitar o diálogo entre governo e oposição. Contudo, há quem o acuse de pactos de bastidores com Maduro. “As acusações proliferam nas redes sociais, sem grandes provas, mas citando uma litania de episódios políticos recentes, como o facto de as autoridades terem levantado a sua inabilitação para participar nas eleições ou dois deputados de UNT terem impedido