Demissão de Embaló não cala indignados guineenses
Guiné-Bissau. PM demitiu-se mas Movimento de Cidadãos Inconformados quer mais e exige saída do presidente
Através da página de Facebook, Umaro Sissoco Embaló anunciou na sexta-feira à tarde que pediu a demissão do cargo de primeiro-ministro da Guiné-Bissau, que ocupava desde 2016. No texto que colocou online, o chefe do governo guineense, de 46 anos, indicou que esta foi a segunda vez que entregou a carta de demissão ao presidente do país, José Mário Vaz, popularmente conhecido como Jomav (a primeira foi a 6 de dezembro).
“Agradeço vivamente ao presidente da República, aos membros do governo com os quais trabalhei durante 15 meses”, disse Embaló, que afirma ser fiel aos partidos e deputados que o apoiaram. O político referiu ainda que, olhando para a história, em 20 anos, nunca os doadores se mostraram satisfeitos com um governo, numa referência ao desempenho do seu.
O jornal O Democrata citou na sua edição online várias razões que teriam motivado a demissão de Umaro Sissoco Embaló. O primeiro-ministro, referiu aquele jornal, “não digeriu bem” a posição do chefe do Estado nos incidentes com dois ministros do seu governo: João Fadiá (das Finanças) e Botche Candé (do Interior).
Fonte da presidência guineense, ontem citada pela Lusa, indicou que José Mário Vaz está a analisar o pedido de demissão de Embaló. “O presidente vai analisá-lo e depois informar o país sobre se a aceita ou não”, disse a fonte à Lusa. Se José MárioVaz aceitar o pedido, publicará um decreto presidencial a anunciar a exoneração de Embaló, que é o quinto primeiro-ministro nomeado desde as eleições legislativas de 2012.
Quem não está convencido com esta demissão é o Movimento de Cidadãos Inconformados, grupo de indignados guineenses formado sobretudo por jovens de liceus e de universidades de Bissau. A saída de Umaro Sissoco Embaló “por si só não resolve o problema”, declarou à Lusa Sumaila Djaló, porta-voz do movimento, à margem de um comício popular.
Djaló acusou a comunidade internacional de passividade, com uma atuação que “apenas permite ao presidente ganhar tempo”. O porta-voz apontou o dedo à Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) e à representação das Nações Unidas em Bissau, acusando-as de“falta de posição clara” perante a crise guineense.
“Se Jomav quiser demitir o seu governo que o demita. Mas o problema é o presidente, que deve demitir-se para irmos a eleições gerais antecipadas em 2018”, notou o porta-voz dos indignados. O movimento prometeu, entretanto, realizar um comício popular na próxima sexta-feira, para continuar “a exigir a renúncia do presidente”, confirmou Sumaila Djaló. Lusa