Zuckerberg já é um empreendedor “do passado”
O empreendedor do futuro terá de trabalhar com Estados e entidades supranacionais, à medida que entra em setores regulados
REGULAÇÃO É importante que os Estados e entidades supranacionais também tragam inovação para a regulação e legislação, porque vai haver novos e diferentes desafios em que serão chamados a intervir. “Não se pode correr o risco da inovação ser quebrada porque há excesso de regulação, ou a chamada regulação não inteligente, que tenta privar determinada inovação sem a testar, em vez de assegurar os caminhos adequados”, defendeu Carlos Oliveira.
Mas os governos “já não vão conseguir regular sozinhos, vão ter de o fazer com os empresários e empreendedores. A cocriação é essencial na inovação do futuro. Porque a grande mudança que estamos a viver hoje, e de que não nos damos ainda conta, é que até agora o digital era quase exclusivo da comunicação, media e marketing”, afirmou Carlos Moedas. “Hoje estamos a viver a transformação da entrada do digital em áreas em que nunca tinha estado. Áreas extremamente reguladas”, sublinhou o comissário europeu.
Carlos Moedas chamou mesmo aos “empreendedores dos Facebook desta vida, empreendedores do passado”, porque poucos deles se habituaram a falar com Estados ou com entidades supranacionais. “Os empreendedores do futuro vão ter de aprender a trabalhar com os Estados, com a Comissão Europeia, no caso da Europa, para poder haver regulação e podermos continuar a inovar e não travar a inovação. Podemos travá-la por não sabermos regular e legislar”, sublinhou o responsável europeu pela Investigação.
“Esses empreendedores, que criaram o Facebook, o Google, etc., estavam habituados a criar empresas sem dependerem de todo do Estado. E, de repente, dão-se conta de que já não conseguem continuar a crescer se não trabalharem com os Estados”, defendeu Carlos Moedas. Por exemplo, quando entram na Saúde, não podem fazer aquilo que querem. Têm de defender os doentes. “É por isso que digo que eles foram do passado. Agora vamos esperar pelas novas gerações”, concluiu o comissário europeu.