Diário de Notícias

Rio resolverá liderança da bancada em breve e “sem hipocrisia”

Novo líder sublinha que não está “amarrado” a nada. E promete chamar independen­tes e quem está subaprovei­tado no partido

- PAULA SÁ

Na primeira entrevista, num tom descontraí­do à RTP3, dois dias após ter sido eleito líder do PSD, Rui Rio garante que irá resolver em breve a questão da liderança da bancada parlamenta­r e “sem hipocrisia­s”.

Sem querer dizer se vai pedir a Hugo Soares que abandone o cargo para o qual foi eleito há seis meses, Rio sublinhou, no entanto, que tem de lidar com um grupo parlamenta­r “da confiança” de Passos Coelho. “Vamos falar, com calma, sem precipitaç­ões”, frisou. Tenciona conversar em breve com o presidente cessante – que lembrou que comandará o PSD até ao congresso de fevereiro – e com o líder parlamenta­r. “Isto tem de ser feito com unidade, mas sem hipocrisia­s da parte de quem ganhou e de quem perdeu.”

Em jeito de brincadeir­a sobre o facto de ter falado “na corte de Lisboa”, ele que é um homem do Porto, colocou-se na pele da jornalista: “Vai mudar a sede nacional do PSD para o Porto?” E respondeu: “Não!” Ainda assim, destacou as vantagens da sua candidatur­a não ter saído da capital. “Não estou amarrado a nada, a interesses nenhuns!”, garantiu. Essa “corte lisboeta” a que se refere é a que está “no centro do poder, cria relações e cria teias” e que, portanto, “gera um poder enquistado” e “centraliza­do”. Se tiver a “arte e engenho” para continuar “desamarrad­o”, Rio disse que será um bem “inestimáve­l para o país”.

Só agora vai começar a pensar os nomes para a sua equipa e para os órgãos nacionais, mas já tem algumas ideias definidas: atrair independen­tes próximos da área social-democrata e militantes do PSD que estão “subaprovei­tados”. “Quero que sejam criadas equipas em todo o país.”

Sem ter abordado qualquer dos grandes temas com que pretende criar uma alternativ­a ao governo de António Costa, voltou a considerar que é mais transparen­te dizer já que admite apoiar um governo minoritári­o socialista do que o esconder aos eleitores, como fez o PS quanto aos acordos à esquerda. Mas a sua prioridade é, como é óbvio, ganhar com maioria absoluta em 2019.

Teve ainda tempo para desfazer a ideia de que é “autoritári­o”, “austero” e “teimoso”. “Não me considero nada teimoso, considero-me convicto. Não me amarro a coisas de pormenor. Em algumas coisas de princípio aí é que não cedo.”

Garante que é do “partido de Sá Carneiro”, líder fundador com o qual se diz identifica­r em termos de personalid­ade. Já com Cavaco Silva partilha o “raciocínio económico”.

Antes da entrevista, na segunda-feira à noite, Rui Rio já tinha enviado uma mensagem aos militantes do partido a apelar a um “grande sinal de unidade”. “Conto com a colaboraçã­o de todos para dar, desde já, um grande sinal de unidade, relembrand­o a histórica frase que marca a história do partido: ‘Hoje somos muitos, amanhã seremos milhões’”, escreve Rio, recordando um slogan da autoria do antigo presidente do PSD Carlos Mota Pinto, num e-mail enviado na segunda-feira à noite aos militantes.

Entretanto, o líder parlamenta­r social-democrata revelou que falou com Rui Rio, no sábado, para o felicitar pela vitória e combinaram falar novamente “quando houver ocasião” sobre os “restantes temas que importam ao Parlamento”.

Questionad­o sobre se a reunião já está marcada, Hugo Soares respondeu “já” mas escusou-se a avançar quando será e a responder se irá colocar o seu lugar à disposição.

Por se tratar de um lugar central na vida do partido e na oposição ao governo, a liderança da bancada social-democrata é aquela que maiores dúvidas levanta sobre a decisão que Rio irá tomar. Hugo Soares foi apoiante de Santana Lopes e é, como referiu o líder eleito do PSD, da “confiança” de Pedro Passos Coelho.

Leitão Amaro, um dos nomes falados como possíveis para ser candidato à presidênci­a do grupo parlamenta­r, veio ontem dizer que não tem nenhum interesse nisso. “Acho que é uma questão que não existe.” Com LUSA

Rui Rio diz que não é nada “teimoso”, nem fica agarrado a coisas de pormenor. Em coisas de princípio, aí é que garante que não cede

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