Rio resolverá liderança da bancada em breve e “sem hipocrisia”
Novo líder sublinha que não está “amarrado” a nada. E promete chamar independentes e quem está subaproveitado no partido
Na primeira entrevista, num tom descontraído à RTP3, dois dias após ter sido eleito líder do PSD, Rui Rio garante que irá resolver em breve a questão da liderança da bancada parlamentar e “sem hipocrisias”.
Sem querer dizer se vai pedir a Hugo Soares que abandone o cargo para o qual foi eleito há seis meses, Rio sublinhou, no entanto, que tem de lidar com um grupo parlamentar “da confiança” de Passos Coelho. “Vamos falar, com calma, sem precipitações”, frisou. Tenciona conversar em breve com o presidente cessante – que lembrou que comandará o PSD até ao congresso de fevereiro – e com o líder parlamentar. “Isto tem de ser feito com unidade, mas sem hipocrisias da parte de quem ganhou e de quem perdeu.”
Em jeito de brincadeira sobre o facto de ter falado “na corte de Lisboa”, ele que é um homem do Porto, colocou-se na pele da jornalista: “Vai mudar a sede nacional do PSD para o Porto?” E respondeu: “Não!” Ainda assim, destacou as vantagens da sua candidatura não ter saído da capital. “Não estou amarrado a nada, a interesses nenhuns!”, garantiu. Essa “corte lisboeta” a que se refere é a que está “no centro do poder, cria relações e cria teias” e que, portanto, “gera um poder enquistado” e “centralizado”. Se tiver a “arte e engenho” para continuar “desamarrado”, Rio disse que será um bem “inestimável para o país”.
Só agora vai começar a pensar os nomes para a sua equipa e para os órgãos nacionais, mas já tem algumas ideias definidas: atrair independentes próximos da área social-democrata e militantes do PSD que estão “subaproveitados”. “Quero que sejam criadas equipas em todo o país.”
Sem ter abordado qualquer dos grandes temas com que pretende criar uma alternativa ao governo de António Costa, voltou a considerar que é mais transparente dizer já que admite apoiar um governo minoritário socialista do que o esconder aos eleitores, como fez o PS quanto aos acordos à esquerda. Mas a sua prioridade é, como é óbvio, ganhar com maioria absoluta em 2019.
Teve ainda tempo para desfazer a ideia de que é “autoritário”, “austero” e “teimoso”. “Não me considero nada teimoso, considero-me convicto. Não me amarro a coisas de pormenor. Em algumas coisas de princípio aí é que não cedo.”
Garante que é do “partido de Sá Carneiro”, líder fundador com o qual se diz identificar em termos de personalidade. Já com Cavaco Silva partilha o “raciocínio económico”.
Antes da entrevista, na segunda-feira à noite, Rui Rio já tinha enviado uma mensagem aos militantes do partido a apelar a um “grande sinal de unidade”. “Conto com a colaboração de todos para dar, desde já, um grande sinal de unidade, relembrando a histórica frase que marca a história do partido: ‘Hoje somos muitos, amanhã seremos milhões’”, escreve Rio, recordando um slogan da autoria do antigo presidente do PSD Carlos Mota Pinto, num e-mail enviado na segunda-feira à noite aos militantes.
Entretanto, o líder parlamentar social-democrata revelou que falou com Rui Rio, no sábado, para o felicitar pela vitória e combinaram falar novamente “quando houver ocasião” sobre os “restantes temas que importam ao Parlamento”.
Questionado sobre se a reunião já está marcada, Hugo Soares respondeu “já” mas escusou-se a avançar quando será e a responder se irá colocar o seu lugar à disposição.
Por se tratar de um lugar central na vida do partido e na oposição ao governo, a liderança da bancada social-democrata é aquela que maiores dúvidas levanta sobre a decisão que Rio irá tomar. Hugo Soares foi apoiante de Santana Lopes e é, como referiu o líder eleito do PSD, da “confiança” de Pedro Passos Coelho.
Leitão Amaro, um dos nomes falados como possíveis para ser candidato à presidência do grupo parlamentar, veio ontem dizer que não tem nenhum interesse nisso. “Acho que é uma questão que não existe.” Com LUSA
Rui Rio diz que não é nada “teimoso”, nem fica agarrado a coisas de pormenor. Em coisas de princípio, aí é que garante que não cede