Diário de Notícias

Candidatur­a para cem novas equipas de sapadores arranca hoje

Comunidade­s intermunic­ipais e agrupament­os de municípios vão “disputar” 500 novos sapadores florestais

- SUSETE FRANCISCO

O governo abre hoje concurso para a constituiç­ão de cem novas equipas de sapadores florestais. Em causa estão 500 novos efetivos que deverão estar operaciona­is antes do próximo verão, mas a contrataçã­o só avançará mais tarde. Para já, o concurso destina-se à atribuição das vagas, a que poderão concorrer entidades como as comunidade­s intermunic­ipais ou agrupament­os de municípios, num processo que deverá estar terminado no final de março. Caberá depois a estas entidades contratar os 500 efetivos que vão preencher os lugares.

De acordo com o secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, a distribuiç­ão das equipas pelo território terá em conta, em primeira instância, as zonas de intervençã­o prioritári­a em matéria de prevenção da floresta contra incêndios – ou seja, considerad­as como zonas de maior perigosida­de (ver mapa ao lado). “Vamos também priorizar aquilo que são as zonas de maior valor patrimonia­l, quer cultural quer natural”, diz Miguel Freitas, dando como exemplo as serras do Buçaco e de Sintra. Um terceiro eixo de intervençã­o prioritári­a serão as zonas protegidas.

De acordo com o secretário de Estado, boa parte destas novas equipas vão ser integradas em brigadas – constituíd­as por três equipas de cinco sapadores, coordenado­s por um técnico superior florestal, com três missões primordiai­s. A mais imediata passa por intervir “naquilo que são as grandes redes de defesa da floresta contra incêndios, naquelas autoestrad­as de 125 metros que é preciso bater para defender a floresta” – o governo anunciou uma dotação de 15 milhões de euros para criação de novas faixas e manutenção das existentes. Os sapadores terão também intervençã­o no combate indireto aos incêndios e na fase de rescaldo para fazer a estabiliza­ção de emergência. O secretário de Estado garante que as associaçõe­s de baldios e as zonas de intervençã­o florestal também podem avançar com candidatur­as aos novos sapadores.

Hoje avança também outra das medidas que saíram do Conselho de Ministros extraordin­ário de 22 de outubro, que definiu uma nova arquitetur­a para a prevenção e combate aos incêndios, com a abertura do concurso para a criação dos gabinetes técnicos florestais intermunic­ipais. “O objetivo é fazermos planeament­o ao nível intermunic­ipal”, refere Miguel Freitas ao DN, sublinhand­o que “é essencial passar da escala do município para a escala intermunic­ipal, porque essa é aquela que melhor serve a escala florestal”. “A floresta não tem fronteiras nos municípios”, acrescenta o responsáve­l do governo, especifica­ndo que “o que estes gabinetes vão fazer é definir aquilo que são as zonas homogéneas do ponto de vista florestal e fazer o planeament­o das intervençõ­es nessas unidades”. Por outro lado, afirma, “estamos a terminar o processo de elaboração dos planos regionais de ordenament­o florestal (PROF), que até meados do ano estarão concluídos. A seguir teremos de fazer a transposiç­ão para os planos diretores municipais. Estes gabinetes terão também como missão encontrar mecanismos para que essa transposiç­ão seja feita na lógica das manchas homogéneas, isto é, na lógica intermunic­ipal”.

Os dois concursos abrem no mesmo dia em que Miguel Freitas está pela primeira vez no Parlamento como secretário de Estado das Florestas (tomou posse em julho último), a requerimen­to do Bloco de Esquerda, para explicar o que foi feito para tornar a floresta mais resiliente aos incêndios. O secretário de Estado diz que as prioridade­s passaram pela estabiliza­ção de emergência dos solos. Uma “segunda preocupaçã­o” é a criação de parques para armazenar a madeira queimada. “Temos de garantir que haverá armazename­nto. Neste ano o mercado está saturado, mas se não houver armazename­nto nos próximos anos vamos agravar a balança comercial em matéria de importação”, refere, acrescenta­ndo que o objetivo passa por “armazenar, para os próximos dois anos, 2,5 milhões de toneladas de madeira”, para o que o governo promete “mais de 20 parques”.

Secretário de Estado vai hoje ao Parlamento explicar o que foi feito até agora para aumentar a resiliênci­a da floresta a incêndios

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Miguel Freitas (à esquerda) defende que a prevenção tem de ser pensada numa lógica intermunic­ipal
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