Tabárnia: “o espelho do absurdo do independentismo”
Plataforma apresentou ontem o dramaturgo Albert Boadella como sendo o seu presidente no exílio
Albert Boadella, de 74 anos, faz manguito em vídeo
ALTERNATIVA O Colegio de Periodistas de Cataluña encheu-se ontem de jornalistas para a conferência de imprensa que tinha por objetivo apresentar o presidente no exílio da Comunidade Autónoma de Tabárnia, ou seja, região que junta Barcelona e Tarragona, é contra a independência e se ela acontecer quer sair da Catalunha para permanecer em Espanha. Albert Boadella, dramaturgo de 74 anos, foi o escolhido. E fez uma aparição “telemática” – uma paródia com as aparições de Carles Puigdemont, refugiado na Bélgica, a quem alguns já chamam de “o presidente holograma”.
Num vídeo que se tornou viral (ontem à noite já tinha 79 330 visualizações no YouTube), Boadella surge a dizer: “Ciutadans de Tabarnia no soc aquí!” (Cidadãos de Tabárnia nós estamos aqui). Como banda sonora, uma parte da música dos Beatles “You say goodbye and I say hello”. Isto porque enquanto uns querem a independência a todo o custo, outros são contra ela e defendem a permanência dentro de Espanha.
“Queremos criar um espelho que seja o reflexo do absurdo do independentismo, dos seus argumentos, que são mentiras, ao contrário dos nossos”, disse um dos porta-vozes da Tabárnia, Jaume Vives. Com ele, estiveram ontem, em Barcelona, também Joan López e Miguel Martínez. Os três explicaram aos jornalistas que, nas próximas semanas, pensam convocar uma manifestação “sempre com humor e com respeito por todas as ideias”. A plataforma garante não receber financiamentos de ninguém. E os seus porta-vozes descartaram vir a criar um partido político.
Na mensagem que ontem deixaram aos jornalistas, os impulsionadores da Tabárnia quiseram dar a seguinte garantia: “Iremos tão longe como quiserem chegar os independentistas, se houver outra Declaração Unilateral da Independência, agiremos para que Tabárnia seja realidade.”
Na sua intervenção como presidente no exílio, Boadella afirmou que “os separatistas não se importam de nos levar à ruína absoluta, destruíram a Catalunha, vão destruir Espanha e a Europa, se conseguirem”. O ator septuagenário, natural de Barcelona, considerou ainda: “O lugar onde nasci está cheio de entrincheirados que nos entrincheiraram a todos, às famílias, aos negócios.”
O presidente no exílio considera que chegou o momento de “dizer adeus aos entrincheirados” fazendo-lhes um gesto “muito catalão que é um manguito”. Boadella afirmou que “em Tabárnia é possível ser-se livre sem se ser perseguido como traidor, na Tabárnia cabemos todos. Viva Tabárnia, ou seja, viva Espanha”.
Lembrando que os “tabarneses querem continuar a ser coproprietários do Museu do Prado e do Alhambra em Granada”, o dramaturgo autoproclamou-se “aprendiz de palhaço” uma vez que considera que os independentistas catalães “converteram o Parlament numa espécie de Teatro Nacional da Catalunha”. PATRÍCIA VIEGAS