Abertura do ano judicial: esperança e responsabilidade
Acomeçar o novo ano, a tradicional cerimónia de abertura do ano judicial, neste caso retomando a coincidência com o ano civil, trouxe-nos um claro sinal de união, responsabilidade e esperança. Ao invés de outros momentos marcantes do judiciário, nesta cerimónia marcaram presença as quatro mais elevadas figuras do Estado, além dos tradicionais altos representantes da Justiça, todos convergindo na necessidade de melhorar o funcionamento do sistema em prol dos cidadãos. Depois de um sinal de responsabilidade dado pelos parceiros do sistema de justiça, que após quinze meses de aturado trabalho responderam afirmativamente ao desafio lançado pelo Presidente República, apresentando um acordo concretizado em 89 medidas, espera-se agora dos decisores políticos igual responsabilidade. Escutados atentamente os discursos oficiais, há sinais claros de que essa responsabilidade será efetivamente concretizada. O Presidente da República enfatizou a importância do acordo firmado e o facto de ser o primeiro passo que quebrou a inércia do sistema de justiça, interpelando o poder político a prosseguir o caminho iniciado. A ministra da Justiça, pese embora de forma menos afirmativa, não deixou de acolher essa responsabilidade, existindo a convicção por parte dos atores do judiciário de que o governo não deixe esquecidas, no fundo de uma gaveta, as medidas propostas por quem melhor conhece os seus problemas e as soluções para os resolver. Abriu-se uma fresta de esperança. Cabe agora a todos, agentes do judiciário e decisores políticos, mas principalmente a estes últimos, abrir a porta ou tapar a luz.