“A gente vai resolver a turbulência”, promete Rio
Depois de reunião com Passos Coelho, o presidente eleito do partido adiantou que a seguir tratará da liderança da bancada parlamentar
Passos deseja “transição com naturalidade”, Rio vê “alguma turbulência”
PEDRO VILELA MARQUES Uma transição suave mas que acabe com “alguma turbulência interna”. Esta foi a principal ideia deixada pelo presidente eleito do PSD, Rui Rio, no final da reunião de ontem com Passos Coelho, que ainda vai manter-se à frente do partido até ao congresso do próximo mês. Quanto à liderança da bancada parlamentar, Rio informou que a reunião com Hugo Soares ainda não foi marcada, mas desde já antevê o tom da conversa: “Com frontalidade, sem hipocrisia e com sinceridade de parte a parte.”
Rui Rio chegou ontem à sede do PSD às 14.55, cinco minutos antes da hora marcada para o encontro com Passos Coelho, que lhe deu as boas-vindas à porta. Cumprimentos reforçados já a sós dentro do edifício, onde teve oportunidade de “reconfirmar os parabéns” que já tinha dirigido ao líder eleito. “O doutor Rui Rio a partir do congresso terá oportunidade como líder do PSD de encetar um ciclo novo na vida do partido (...). Só quero desejar-lhe as maiores felicidades porque tudo o que correr bem à frente do PSD correrá bem ao país e aos portugueses”, declarou o ainda presidente do PSD, que reconheceu que quis saber o que Rio pensa sobre temas que considera relevantes. “Sendo certo que só a partir do congresso entra em funções, na verdade não podemos ignorar que já foi eleito e que há matérias que carecem de alguma articulação”, defendeu Passos Coelho no final do encontro.
Rui Rio, eleito presidente do PSD com 54,1% dos votos nas diretas do último fim de semana, alinhou com Passos ao concordar que “a primeira conversa que se impunha numa transição suave era justamente com o líder do partido” e adiantou que a questão sobre a articulação com a bancada parlamentar será a próxima etapa. Uma etapa ainda sem calendário. “É uma das muitas questões que têm de ser resolvidas. Se ainda não falei [com o líder parlamentar], como é que pode estar resolvida? Vai ser resolvido com serenidade, com frontalidade, sem hipocrisia mas com sinceridade de parte a parte.”
Mas foi uma pergunta sobre a unidade do partido no pós-eleições, depois de uma campanha com alguns pontos quentes com Santana Lopes, que lhe suscitou o comentário mais contundente: “[Tenho sentido] alguma turbulência, mas a gente vai resolver essa pequena turbulência, não sei se a turbulência é real ou é mais na comunicação social”, respondeu Rio. Uma declaração a fazer lembrar uma outra frase no último debate com Santana, quando disse que “vão ver como as coisas são quando ganhar o partido”, referindo-se ao clima criado por adversários internos.
Rui Rio garantiu que ainda não começou a fazer convites para os órgãos nacionais do partido e afastou especulações sobre esse tema. “Nem eu sou fonte próxima de mim próprio porque ainda não comecei a pensar”, disse. Questionado se ainda conhecia “os cantos à casa”, de quando foi secretário-geral do PSD entre 1996 e 1997, Rio respondeu afirmativamente. “A casa é igual, tem mobiliário diferente, mas conheço a casa e as pessoas”. Com Lusa