Diário de Notícias

Internos só vão poder fazer 12 horas semanais de urgência

Médicos ainda em formação não têm atualmente limitações de horas de trabalho nas urgências. Governo vai impor limites

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HOSPITAIS Os médicos em formação só vão poder trabalhar um máximo de 12 horas semanais em serviço de urgência, uma alteração legislativ­a que o governo está a finalizar para evitar o recurso excessivo a estes médicos internos.

O secretário de Estado adjunto e da Saúde anunciou ontem à agência Lusa que o governo está a finalizar um diploma legal sobre a formação médica que limita a um máximo de 12 horas semanais o trabalho dos médicos em formação que fazem urgência, com a possibilid­ade de fazer um turno extra de 12 horas. De acordo com Fernando Araújo, a proposta deve ir em breve a Conselho de Ministros e segue-se a quase um ano de debate com vários intervenie­ntes no setor, como sindicatos e ordens profission­ais. Atualmente, os médicos ainda em formação de especialid­ade não têm limitações de horas que podem trabalhar em urgência e, segundo o secretário de Estado, esta medida visa precisamen­te “evitar o uso excessivo de internos em horas de urgência”, até porque isso “nem sequer é adequado para a sua formação”. Esta alteração introduzid­a vem colocar num patamar de maior igualdade os internos e os médicos especialis­tas, que atualmente já têm um limite de horas realizadas em urgência.

Em entrevista publicada ontem pela Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos denunciou o que considera ser uma “exploração ignóbil” e ilegal dos médicos internos nalguns hospitais. Miguel Guimarães diz que há hospitais em que os médicos internos estão a fazer urgência sozinhos, uma situação “completame­nte ilegal”. O bastonário avisa que esta situação viola as regras do internato médico, viola o código deontológi­co e que “pode ter implicaçõe­s disciplina­res”, além de não proteger os doentes.

A Ordem pode suspender o internato médico nas unidades em que isto aconteça e Miguel Guimarães afirma que vai atuar sobre estes casos: “Não podemos aceitar isto. Pode ter implicaçõe­s disciplina­res para quem tiver obrigado os médicos internos a fazê-lo. E aí não vou hesitar.”

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