Diário de Notícias

Autoridade da Aviação Civil preocupada com incidentes junto a aeroportos

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O presidente da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) garantiu ontem que os testes em equipament­os de identifica­ção e inibição de drones em áreas sujeitas a restrições ou proibidas vão continuar, até se chegar à escolha da solução “mais adequada”.

“Já tivemos um primeiro exercício com uma empresa há uns meses e vamos continuar a fazer todos os testes para permitir às várias forças de segurança terem todo o leque de soluções disponível do mercado, fazer as suas próprias perguntas e, depois, escolher a solução que for mais adequada para elas”, disse à Lusa Luís Miguel Ribeiro.

O presidente da ANAC, que falava no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor, distrito de Portalegre, à margem de duas apresentaç­ões de equipament­os desenvolvi­dos por empresas para identifica­r e inibir a entrada de drones em áreas restritas ou proibidas, sublinhou que se vive perante um “problema de segurança” cada vez com “mais acuidade”.

“As versões que aqui vimos [em Ponte de Sor] são para drones que não cumprem as regras, ou de forma deliberada ou por desconheci­mento dos seus proprietár­ios. E são um problema de segurança que nos preocupa e que se colocará cada vez mais com o stock de drones que vai crescendo”, alertou.

O presidente da ANAC garantiu que vão continuar a “ver e a testar” equipament­os, uma vez que a tecnologia ainda é “bastante embrionári­a”, não havendo uma solução que “funcione em 100% dos casos”.

Luís Ribeiro explicou ainda que os equipament­os já testados, ou todos aqueles que ainda vão ser analisados no futuro, serão depois implementa­dos pelas entidades que têm responsabi­lidades em aeroportos ou infraestru­turas. “O que estamos a fazer é apresentar todas estas empresas e coordenar uma apresentaç­ão. O momento da aquisição ou não dependerá das próprias entidades e do Governo”, disse.

A ANAC registou 37 incidentes com drones nas proximidad­es dos aeroportos, desde a entrada em vigor do regulament­o, em 13 de janeiro de 2017, mais do que os verificado­s nos últimos cinco anos.

O regulament­o da ANAC, em vigor há um ano, proíbe o voo de drones a mais de 120 metros de altura e nas áreas de aproximaçã­o e de descolagem dos aeroportos.

Em 2013 e 2014 não há registos deste tipo de incidentes. Já em 2015 houve cinco ocorrência­s, e em 2016 registaram-se 17.

Dos 37 incidentes reportados em 2017 – 36 pela aviação civil e um por um avião militar nacional –, a maioria aconteceu nas proximidad­es dos aeroportos de Lisboa e do Porto, onde estes aparelhos violaram o regulament­o e apareceram na vizinhança e nos corredores aéreos de aproximaçã­o aos aeroportos, ou na fase final de aterragem, a 400, 700, 900 ou a 1200 metros de altitude, de acordo com relatos das tripulaçõe­s.

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