Trump comparado a Estaline por Fake News Awards
CNN, ABC, The Washington Post e The New York Times entre os vencedores dos prémios de media desonestos do presidente
Donald Trump a falar aos jornalistas no Air Force One numa viagem à Florida em abril de 2017
PATRÍCIA VIEGAS Donald Trump desvendou finalmente nesta quarta-feira (madrugada de ontem em Lisboa) os vencedores dos Fake News Awards, os prémios que o presidente norte-americano inventou para distinguir o que diz ser os meios de comunicação social desonestos. O local do anúncio foi a rede social do costume, ou seja, o Twitter, onde Trump partilhou a lista de vencedores originalmente publicada no site do Partido Republicano. O apresentador foi o próprio chefe do Estado norte-americano. Plateia não houve. Ao que se sabe. Mas as críticas não tardaram.
Entre os galardoados estão os suspeitos do costume, ou seja, a CNN, a ABC, The Washington Post e The New York Times. Mas também o prémio Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman, por causa de um artigo que escreveu a dizer que a economia norte-americana nunca iria recuperar depois de os EUA terem elegido Trump. Os casos descritos na argumentação para sustentar a acusação de fake news vão desde pequenos erros jornalísticos nas redes sociais a erros em notícias que foram depois corrigidos. O assunto mais referido foi o da investigação à alegada interferência russa nas eleições de 2016, que deram a vitória ao multimilionário e ex-apresentador do reality show The Apprentice.
“Há dez anos eu trabalhei como assessor de imprensa do GOP [Partido Republicano]. Muito boa gente trabalha lá hoje em dia. Estou a trabalhar arduamente para ajudá-los a eleger republicanos em 2018. Mas estas táticas do @realDonaldTrump não ajudam ninguém, exceto Chuck & Nancy”, escreveu no Twitter Alex Conant, referindo-se a um tweet do presidente de novembro de 2017 no qual ele escreveu que tinha estado reunido com “Chuck and Nancy”. Trump referia-se a Chuck Schumer e Nancy Pelosi, respetivamente líderes da minoria democrata no Senado e na Câmara dos Representantes. Conant foi diretor de Comunicação de Marco Rubio em 2016. Este foi um dos 16 rivais republicanos que Trump derrotou na corrida interna para a Casa Branca.
Jeff Flake, senador do Arizona, que vai deixar o cargo em breve, pediu a Donald Trump que desista da sua guerra à imprensa. “Um presidente norte-americano que não é capaz de aceitar a crítica, que precisa constantemente de desviar, distorcer e distrair, que precisa sempre de alguém para culpar, está num caminho perigoso”, declarou o senador republicano, acrescentando a seguinte comparação: “É uma prova do estado da nossa democracia que o nosso presidente utilize palavras infames outrora usadas por José Estaline para descrever os seus inimigos.”
Outro senador republicano do Arizona, John McCain, considerou, num artigo publicado no jornal The Washington Post , que os ataques de Trump contra os media legitimam comportamentos de regimes repressivos. “A frase fake news – legitimada pelo presidente – está a ser usada por autocratas para silenciar repórteres, para minar os opositores políticos, para impedir o escrutínio dos media e para enganar os cidadãos. Não podemos abdicar do papel da América como defensora dos direitos humanos e princípios democráticos.”