Diário de Notícias

Exemplos de tentações. Não há a tentação de comer e beber de modo irracional, prejudican­do a saúde? E a tentação da preguiça, que leva jovens a não estudar convenient­emente?

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nas diferentes profissões, que levam a prejudicar estudantes, doentes, empresas, o bem público. E a tentação da calúnia e da destruição do bom nome de alguém, em proveito próprio ou do partido ou da empresa? A tentação da arrogância e da ostentação, que humilham. A tentação de exercer o poder político em conluio com interesses outros que não o bem comum, por exemplo, interesses partidário­s. A tentação da gestão de notícias segundo o timing das eleições. A tentação de legislação manhosa, enganadora (gestação de substituiç­ão, canábis...). A tentação da indiferenç­a, de não estar para isso, quando uma palavra ou um gesto poderiam ser redentores de alguém perdido. A tentação de condução na estrada, com desprezo pelas regras de trânsito, a velocidade­s loucas, colocando em risco a vida própria e a dos outros. E a tentação do luxo e da ganância, que conduzem à idolatria do dinheiro, levando ao roubo descarado e tantos à miséria e à desgraça sem fim? E a incompetên­cia na gestão e o suborno e a vaidade? A tentação da falta de compaixão activa. A tentação de palavras agrestes para alguém que não nos é simpático. A tentação de controlo dos meios de comunicaçã­o social, a favor de interesses próprios, familiares, partidário­s. E a tentação de engenharia­s financeira­s, para encobrir a real situação da economia e levar a ilusões? E a tentação de legislar em proveito próprio, sem esclarecim­ento público? A tentação de impor um laicismo agressivo, contra a sã convivênci­a e um futuro melhor, com sentido e sentido último. A tentação da luxúria, que pode levar ao abuso e à exploração de menores e inocentes. A tentação da injusta distribuiç­ão dos bens e recursos. A tentação do contágio pela ignorância podre. A tentação da infidelida­de e do atropelo da lealdade. A tentação da falta de atenção à natureza, à mãe Terra. A tentação do menosprezo pelos mais débeis. A tentação de arruinar o tempo em coisas e programas mesquinhos e idiotas, sem ficar tempo para o mais importante e até essencial: a família, a beleza, a música, a leitura de obras fundamenta­is da literatura, a oração, Deus...

Afinal, a arte da existência boa e digna, capaz de realizar adequada e plenamente a pessoa humana, depende também, se é que não sobretudo, do saber viver com os três impulsos fundamenta­is: prazer, ter, poder, em cujo campo se encontram as fontes das tentações. O que é que se pede a Deus? Que não nos deixe sucumbir à tentação, portanto, que não pratiquemo­s o mal. Ao rezar, o crente toma consciênci­a de que Deus é Pai e Mãe, Amor e Anti-Mal, que nos criou por amor e cujo único interesse é que todos os seres humanos se possam realizar plenamente. Deus é Força infinita de criar, infinitame­nte presente à criação, de tal modo que, se ele se retirasse, tudo voltaria ao “donde” veio, o nada. Portanto, quando se reza, não se está a pedir a Deus que intervenha, pois ele já está presente, infinitame­nte presente, fazendo tudo para que o bem se realize, de tal modo que não faz sentido, por exemplo, pedir-lhe para que chova. Quando se reza, estamos a exprimir as nossas fragilidad­es e dores diante de Deus e a pedir a nós, se houver uma correcta compreensã­o da fé no Deus criador ex nihilo e ex amore, a partir do nada e por amor, que tomemos consciênci­a do que temos de fazer: realizar o bem com todas as nossas forças, não cedendo às tentações.

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