Diário de Notícias

Partidos disponívei­s para rever regimento por causa de votações

PAN quer cruzar quórum com resultados das votações. Em causa situações em que há conflito entre votos de bancadas e deputados. PS, BE e CDS também admitem alterações

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MIGUEL MARUJO O PAN quer cruzar a verificaçã­o de quórum com os resultados das votações no Parlamento para evitar situações como aquela em que um projeto de lei chumbou numa votação em que foi considerad­a a representa­tividade das bancadas, mas que poderia ter passado se a votação fosse por deputado.

PS, BE e CDS também estão disponívei­s para avaliar eventuais alterações ao regimento da Assembleia da República. PCP e PSD não respondera­m em tempo útil.

Em causa estão dois casos recentes, noticiados pelo DN no último domingo a partir de dados recolhidos pelo site Hemiciclo.pt: a 29 de novembro, um projeto de lei do PAN acabou chumbado porque foi votado pelo método da representa­tividade parlamenta­r (o voto por “levantados e sentados” das bancadas daria esse resultado – eram 107 contra 106; mas, de facto, cruzando com os deputados presentes, o voto terá sido favorável – 99 contra 98). Na última sexta-feira, 23 de janeiro, voltou a acontecer com um projeto de resolução do PCP dado como aprovado quando os deputados presentes votaram 94 a favor e 96 contra.

Para já, as cautelas são muitas e só o PAN avança com uma solução para resolver estes casos. O deputado André Silva notou ao DN que “é factualmen­te histórico que estes casos em que o sentido de voto apurado tendo em conta o número de deputados em plenário são diferentes do sentido de voto do apuramento das representa­ções parlamenta­res são pontuais, tendo anteriorme­nte apenas sido verificada uma situação similar em 2001”. E adianta que a solução poderá passar por para já, poder-se-á avaliar a interpreta­ção da norma e a prática, mas não é líquido que seja indispensá­vel alterar expressame­nte o regimento”.

Fonte oficial da bancada do CDS disse que o partido está disponível “para avaliar essa matéria numa próxima conferênci­a de líderes caso seja suscitada, embora, como refere a notícia, as votações citadas tenham sido feitas de acordo com as regras preestabel­ecidas”.

Também o BE notou que “há várias alterações ao regimento” que consideram “pertinente­s”. “Por isso temos disponibil­idade para abordar esse assunto no contexto de uma revisão do regimento.”

Mais crítico desta situação, o deputado socialista Porfírio Silva defendeu na página de Facebook do Hemiciclo que “o voto é sempre individual”, que “conta o número de deputados na votação”.

“Os grupos parlamenta­res não têm o número de votos dos seus membros eleitos, mas sim o número de votos dos deputados presentes naquela sessão de votações”, disse.

Já o antigo deputado socialista José Magalhães (que foi também secretário de Estado) é taxativo: “É inconstitu­cional, mas insindicáv­el por entidade externa. E não há recurso para o Tribunal Constituci­onal de atos de rejeição como os referidos. Nunca tinha ocorrido e é surreal que ocorra sem que caia o Carmo e a Trindade.”

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