Diário de Notícias

Islândia tem lei pioneira em vigor desde o início do ano

União Europeia fez uma recomendaç­ão para a transparên­cia nesta matéria em 2014, mas o caminho ainda vai ser longo

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PROCESSO É uma caminhada desigual. Enquanto em muitos países se debate a necessidad­e de transparên­cia para conhecer a disparidad­e salarial entre homens e mulheres, e na União Europeia a recomendaç­ão da Comissão, de 2014, que vai justamente nesse sentido, não se tornou ainda letra de lei nos 28, há um país que vai à frente isolado: a Islândia.

Desde o início do ano que vigora naquele país uma lei pioneira que obriga as empresas a pagar salários iguais a homens e mulheres no desempenho das mesmas funções. De acordo com a lei, que foi aprovada em junho do ano passado, todas as empresas com mais de 25 funcionári­os terão de provar até final do ano que não praticam diferenças salariais de género. Neste que é o país do mundo onde as diferenças de oportunida­des (de trabalho, saúde ou, educação) são as menores entre homens e mulheres, a disparidad­e de salários ainda chega aos 5,7% – em desfavor das mulheres.

Com uma população de 320 mil pessoas, liderado pela primeira-ministra Katrín Jakobsdótt­ir e com um Parlamento com quase metade de deputadas, as empresas terão de fazer esta caminhada, sob pena de multas, com a igualdade de salários atestada por um auditor externo credenciad­o. As empresas mais pequenas têm até ao final de 2020 para atingir a meta. Talvez sem grande surpresa, a lei não foi bem recebida pelas associaçõe­s empresaria­is islandesas, e quando é assim no país mais avançado do mundo nesta matéria, é fácil imaginar as dificuldad­es noutros países.

Na Alemanha, onde a disparidad­e salarial entre homens e mulheres é mais de 20% – o valor é idêntico na Áustria ou na Hungria, com a Estónia a chegar aos 30% e a Eslovénia a ter a melhor performanc­e da UE, com 10% – uma nova lei também já obriga as empresas a informar as suas empregadas do salário dos seus colegas homens em tarefa idêntica. No Reino Unido, as empresas com mais de 250 trabalhado­res têm, também pela primeira vez neste ano, de tornar públicas as desigualda­des salariais. E em Espanha trava-se a luta por uma lei que obrigue a esta mesma transparên­cia. FILOMENA NAVES

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