Diário de Notícias

48 horas sem parar a criar jogos. “É até cair para o lado”

Alunos, professore­s e profission­ais têm dois dias para conseguir construir um jogo, no âmbito de um evento que decorre em mais de cem países em simultâneo. Não há prémios

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Cerca de 50 criativos reuniram-se neste fim de semana na Universida­de de Aveiro para criar jogos

JOANA CAPUCHO Computador­es portáteis, monitores auxiliares, rede wireless, sacos-cama, snacks, fruta, chá e muito café. Estes são alguns dos essenciais para a maratona de criação de jogos que começou ontem à tarde no Departamen­to de Comunicaçã­o e Arte da Universida­de de Aveiro (UA), no âmbito do Global Game Jam, aquele que é considerad­o o maior evento anual de criação de jogos do mundo. Até às 15.00 de amanhã, milhares de participan­tes espalhados por mais de cem países trabalham a um ritmo alucinante para produzir jogos em equipa.

Passavam poucos minutos das 17.00 quando foi exibido um vídeo que dava a conhecer o tema: transmissi­on (transmissã­o). “Muito vago” para uns, “fixe” para outros. Já distribuíd­os em cerca de dez equipas, os 50 participan­tes tomaram conta das ilhas montadas em duas salas do departamen­to da UA, enquanto trocavam ideias sobre o tema. Entre os criativos, há estu- dantes, investigad­ores, docentes e empresas. “Participam­os, sobretudo, pela paixão por fazer videojogos. Para a empresa, este é um treino único, intensivo e inatingíve­l de outra forma”, diz ao DN Jorge Tavares, de 42 anos, que faz parte da LampWave Studio, uma startup dedicada à produção de videojogos, que nasceu na incubadora da UA. Até amanhã, os elementos da empresa vão “acampar” na universida­de, onde, além de fazer o que mais gostam, têm a oportunida­de de “conhecer outras pessoas”.

Criativida­de, diversão e adrenalina são alguns dos principais ingredient­es da game jam, que no ano passado resultou na criação de sete mil jogos. “Não é uma competição. Não há prémios. É um evento que promove a criativida­de, a exploração, a colaboraçã­o e o trabalho de equipa. Muitos jogos que são um sucesso tiveram origem nestes eventos”, diz ao DN Ana Veloso, diretora do curso de Novas Tecnologia­s da Comunicaçã­o.

Em Portugal, o evento decorre simultanea­mente em 13 locais. “Fomos desafiados a participar por uma associação portuguesa de entretenim­ento, que é a Ludoteca”, adianta Ana Veloso, responsáve­l pela organizaçã­o na UA, que oferece aos alunos espaços para trabalhar, comer, dormir e até para tomar banho.

Sem qualquer experiênci­a na criação de jogos mas habituados a passar horas a fio a jogar, Francisca Araújo, Daniel Silva e Luís Teixeira quiseram aventurar-se no desenvolvi­mento de videojogos. Ela é estudante de Design, eles de Engenharia Informátic­a. “Vamos tentar chegar lá por tentativa-erro e com a ajuda de tutoriais. Já gastei algumas horas a aprender game maker”, confidenci­a Luís.

Para Francisca, será uma experiênci­a “bastante interessan­te”, pois “quem joga gostava sempre que o jogo fosse de determinad­a forma” e esta é “uma oportunida­de para pôr ideias em prática”. Como mora a cinco minutos da UA, espera ir a casa “dormir umas sestas”.

Já para Mário Vairinhos, professor e investigad­or da UA, o Global Game Jam é uma oportunida­de para “estar do outro lado”, já que o usual é fazer parte da organizaçã­o. “É um desafio interessan­te para desenvolve­r um trabalho criativo, que não tem qualquer recompensa além do projeto em si”, sublinha o docente , que diz que vai ser “trabalhar até cair para o lado, dormir uma sesta e voltar à carga”. Contudo, reconhece que não se faz um jogo completo em 48 horas. “Cortam-se detalhes, vai-se ao essencial para ter uma versão jogável.”

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