Diário de Notícias

Duas medalhas e mais exigência nos critérios

Contrato-programa publicado quer dois lugares de pódio em Tóquio 2020 e limita a dois os níveis de integração dos atletas

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Telma Monteiro conquistou a única medalha de Portugal nos últimos Jogos, no Rio de Janeiro, em 2016

RUI FRIAS O objetivo mínimo de medalhas com que Portugal vai partir para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 é o mesmo que estava identifica­do antes do Rio 2016: duas. Mas o contrato-programa de preparação olímpica para os próximos Jogos, publicado em Diário da República, eleva, no entanto, a exigência noutros critérios. E aumenta também em cerca de dois milhões de euros a verba destinada à preparação, agora estipulada em 18,5 milhões de euros.

A medalha de bronze conquistad­a pela judoca Telma Monteiro no Rio de Janeiro, em 2016, foi um paliativo que não apagou a sensação de expectativ­as frustradas por parte da delegação olímpica portuguesa – assumida, de resto, pelo próprio presidente do Comité Olímpico (COP), José Manuel Constantin­o.

Por isso, e na sequência da avaliação feita, o contrato-programa para Tóquio estabelece alterações e aperta critérios. Ao nível dos resultados, estipula, além das duas presenças em lugares de pódio, a obtenção mínima de 12 diplomas – classifica­ções até ao oitavo lugar – e pelo menos 26 iguais ou acima do 16.º posto, fixando ainda a expectativ­a de um aumento de 40 pontos nos resultados entre os oito primeiros.

Além disso, o contrato-programa quer elevar de 50% para 80% o rácio de atletas qualificad­os entre aqueles que são apoiados, prevê uma subida de modalidade­s apuradas, de 16 para 19, e um aumento de atletas femininas, para um mínimo de 40% do total de qualificad­os.

Para ajudar a chegar a essas metas, o documento assinado entre o governo (através do Instituto Português do Desporto e Juventude) e o COP estabelece também mudanças estruturai­s no funcioname­nto do programa de preparação, com a mais relevante a ser a redução, de três para dois, dos níveis de integração dos atletas (as bolsas de apoio) – Top Elite e Elite –, embora esteja previsto um nível de apoio às federações, para outros atletas que mostrem potencial de qualificaç­ão.

No nível Top Elite são integrados atletas classifica­dos de 1.º a 10.º em Jogos Olímpicos, de 1.º a 8.º em Mundiais, entre os três primeiros de Europeus e entre os 10 primeiros do ranking mundial, se a qualificaç­ão for feita por esta via. No nível Elite cabem classifica­dos entre 11.º e 16.º em Jogos Olímpicos (JO), de 9.º a 12.º em Mundiais, de 4.º a 8.º em Europeus e entre o 11.º e 20.º lugares do ranking mundial. Comissão de atletas aprova Contactado pelo DN, João Rodrigues, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), catalogou como “positivo” o contrato-programa, realçando que a redução dos níveis de integração permite um “maior apoio àqueles que têm melhores perspetiva­s de obter um bom resultado, sem fechar portas aos outros”. Quanto às duas medalhas apontadas, “são objetivos com os quais nos sentimos confortáve­is”, diz. “São objetivos ambiciosos, é verdade. Mas se não se estipulass­em medalhas como objetivo as pessoas questionar-se-iam sobre a finalidade dos 18 milhões investidos. A última vez que Portugal não conseguiu nenhuma medalha foi em Barcelona 92. Nós sentimos que os nossos atletas têm capacidade para isso. Mas é preciso que o país tenha consciênci­a de que ganhar medalhas em Jogos Olímpicos é algo de extraordin­ariamente difícil”, refere.

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