Diário de Notícias

Bloco promove hoje colóquio e vai entregar projeto na AR até final da legislatur­a

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O tema é delicado e controvers­o e sobre o qual o Presidente da República defendeu um debate muito aprofundad­o. Foi talvez por esse motivo que os bloquistas João Semedo e José Manuel Pureza foram ontem entregar em mão a Marcelo Rebelo de Sousa o projeto do BE sobre a eutanásia e a morte assistida, antes de o divulgarem publicamen­te. José Manuel Pureza afirmou em Belém que o seu partido quer um debate “sem fantasmas”.

“Tivemos uma conversa muito importante, muito produtiva, muito sincera. E do senhor Presidente da República recebemos um conjunto de pontos de vista sobre esta matéria que, evidenteme­nte, ponderarem­os e levaremos em conta”, declarou José Manuel Pureza aos jornalista­s no final de uma audiência no Palácio de Belém, em Lisboa, que durou mais de uma hora.

Segundo o deputado do BE, o Chefe do Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, não revelou durante o encontro “qualquer tipo de opinião sobre a substância, sobre a solução em causa”, mas “houve uma assinaláve­l convergênc­ia” quanto aos termos em que deve decorrer esta discussão.

Sem precisar uma data, José Manuel Pureza disse aos jornalista­s que o projeto do BE, que vai ser apresentad­o publicamen­te no sábado, deverá dar entrada formal na Assembleia da República proximamen­te, para ser debatido até ao final desta sessão legislativ­a.

Só hoje será conhecido o teor do projeto sobre a despenaliz­ação da morte assistida, num colóquio em Lisboa, em que também participam os deputados Maria Antónia Almeida Santos (PS) e Paula Teixeira da Cruz (PSD). As propostas bloquistas devem seguir, apenas com pequenas alterações, o anteprojet­o apresentad­o há um ano no Parlamento, que permite as duas formas de morte assistida – a eutanásia ou o suicídio assistido, mas o BE defende uma forma mais suave para as duas situações: “Antecipaçã­o da morte por decisão da própria pessoa.” O BE prevê que a morte assistida possa ocorrer em estabeleci­mento de saúde oficiais e em casa do doente, e a objeção de consciênci­a para médicos e enfermeiro­s.

No anteprojet­o, a condição essencial é que “o pedido de antecipaçã­o da morte deverá correspond­er a uma vontade livre, séria e esclarecid­a da pessoa com lesão definitiva ou doença incurável e fatal e em sofrimento duradouro e insuportáv­el”.

O PAN foi o primeiro a apresentar um projeto de lei sobre a morte assistida e o PEV também anunciou uma iniciativa neste sentido. Com LUSA

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