Bruno sai enfurecido com um desabafo em tom de ameaça
Presidente abandonou assembleia geral, descontente com a contestação de alguns associados, e disse que vai ponderar demissão
Bruno de Carvalho acabou por deixar a AG a meio, perante a contestação de alguns associados, o que levou à suspensão dos trabalhos
RUI FRIAS Pode não ser caso para dizer que chegou ao fim o estado de graça de Bruno de Carvalho como presidente do Sporting, mas as assembleias gerais parecem ter deixado de ser um passeio para o líder do clube leonino, que ontem teve de enfrentar a contestação de algumas dezenas de sócios. De tal forma que abandonou a sala a meio, com a ameaça de ponderar a demissão. O que, sabe o DN, terá sido apenas um desabafo provocado pelo calor da discussão.
Sim, foi uma reunião magna bem acalorada, tal como se previa, dados os pontos polémicos agendados. Ainda assim, de acordo com uma fonte do DN que esteve na reunião magna, todos na sala ficaram atónitos quando Bruno de Carvalho se chegou ao microfone e proclamou: “Isto está a ser igualzinho à AG da Liga. Segunda-feira o conselho diretivo vai reunir-se para decidir se se demite.”
Mas afinal o que aconteceu para esta inesperada tomada de posição do presidente do Sporting? Tudo começou no início da discussão dos pontos 6 e 7 da ordem de trabalhos, os tais mais polémicos, que diziam respeito a alteração de estatutos e à introdução de um regulamento disciplinar que permite expulsar sócios que lesem o clube, entre outras propostas polémicas, como por exemplo a extinção do conselho leonino.
Rui Morgado, antigo vice-presidente da Mesa da AG (já no tempo de Bruno de Carvalho), e Carlos Severino, ex-candidato à presidência do clube, apresentaram dois requerimentos pedindo que se realizasse uma AG própria apenas para discutir esses assuntos.
De acordo com a nossa fonte, foi então que Bruno de Carvalho subiu ao palanque e, dirigindo-se a Carlos Severino, atirou: “O requerimento que você quer apresentar diz respeito ao facto de ter sido apanhado pelos serviços do Sporting a passar informações da vida interna do clu- be para o Correio da Manhã, certo?” Jaime Marta Soares, presidente da Mesa da AG, deu o direito de resposta a Carlos Severino, o que enfureceu Bruno de Carvalho, que se levantou do lugar para protestar de forma contundente com o o líder dos trabalhos. Severino voltou ao palanque, mas a Mesa entendeu que a Assembleia não lhe estava a proporcionar as condições para falar (muitos apupos) e retirou-lhe a palavra.
Ficou instalada a confusão total na sala e foi nessa altura que Bruno de Carvalho saiu de forma intempestiva, seguido pelos outros elementos do conselho diretivo. O presidente da Mesa da AG acabou por suspender os trabalhos e no fim referiu aos jornalistas que Bruno de Carvalho não abandonou a AG. “Saiu naturalmente da sala porque uma das suas preocupações era que a palavra dos sócios não fosse cortada.”
Contactado pelo DN, Carlos Severino reconhece que apresentou o tal requerimento “de forma totalmente inocente, sem intenção de provocar polémica e para que os pontos 6 e 7, devido à sua complexidade, fossem discutidos de forma mais calma, noutra AG”. Questionado sobre a ameaça de Bruno de Carvalho, desejou que “o mandato seja cumprido até ao fim”.
Ainda de acordo com a nossa fonte, Pedro Madeira Rodrigues esteve presente na reunião magna e terá sido alvo de uma tentativa de agressão, mas não usou da palavra. Ao DN, não quis tecer comentários. “Estou a chegar a casa e estou a acalmar-me. Só falarei no caso de se dizerem mentiras a respeito do que se passou na AG”, referiu.