Um grande susto acabou transformado em goleada
Benfica fez uma primeira parte muito fraca e viu o Rio Ave fazer um golo e ameaçar outros. O segundo tempo, contudo, foi de sonho para os encarnados, que marcaram por cinco vezes
Médio Pizzi deu vantagem ao Benfica ao fazer o 2-1, já na segunda metade, desbloqueando um jogo que começou muito complicado
GONÇALO LOPES O Benfica voltou ontem às vitórias no campeonato, derrotando o Rio Ave, algo que ainda não tinha conseguido nesta temporada. Após um empate em Vila do Conde na primeira volta e uma derrota para a Taça também no Norte do país, ontem as águias vingaram-se, e de que maneira. Mas só na segunda metade, porque no primeiro tempo os vila-condenses ainda ameaçaram repetir os últimos resultados. Depois, os encarnados deram show e quase ridicularizaram os comandados de Miguel Cardoso.
Ao final de 723 dias, ontem, após a primeira parte foram muitos os que pensaram certamente que a invencibilidade em casa do Benfica contra equipas portuguesas estava para acabar. Tudo porque o Rio Ave estava a vencer ao intervalo... e a convencer.
O Benfica até entrou bem no jogo, ontem com Zivkovic a fazer as vezes de João Carvalho, pressionou o Rio Ave, mas sem acerto no ataque. E o que os encarnados não tiveram teve o Rio Ave. Aos 10’, Francisco Geraldes arrancou pela esquerda, passou por toda a defesa e assistiu Guedes, que saltou mais alto do que Rúben Dias e marcou o primeiro da noite. Com este golo o tal Benfica autoritário que entrou em campo... desapareceu.
Aí surgiu um Rio Ave com personalidade, sem medo e que foi criando ocasiões e ganhando confiança. O Benfica não desistia, é certo, mas faltou clarividência e acerto entre linhas. Algo que do outro lado apareceu com o golo. E, se o Benfica caiu de produção e animicamente baixou a cabeça, pior poderia ter ficado quando, primeiro, João Novais acertou no poste de Bruno Varela (12’) e, depois, Guedes (25’) surgiu isolado perante o guarda-redes dos encarnados.
Foram duas oportunidades claras, mas do que o público não gostava era do (tão) à-vontade com que o Rio Ave jogava após o golo inaugural. De tal forma que a dada altura a equipa de Rui Vitória acabou mesmo por ser assobiada pelos adeptos.
O Benfica, ainda assim, acabou a primeira parte por cima e com um ritmo bastante elevado. Jonas ainda teve o empate nos pés, aos 43’, isto já depois de os encarnados terem reivindicado duas alegadas grandes penalidades por marcar, mas que o árbitro mandou jogar.
E foi assim também que iniciou o segundo tempo, num ritmo elevado, ritmo esse que permitiu que aos 49’ os encarnados chegassem ao empate, num canto ganho por Zivkovic que Jardel finalizou – marcou no 200.º jogo de águia ao peito.
Os encarnados já estavam melhores e com o golo ainda mais confiança ganharam. Em quase 40 minutos de jogo para se jogar só deu Benfica. O Rio Ave passou de um excelente primeiro tempo para uma etapa complementar onde foi totalmente sufocado pelas águias. Os vila-condenses, é certo, também quebraram fisicamente, mas foi sobretudo um Benfica autoritário que tomou conta da partida.
O Rio Ave ainda aguentou a velocidade supersónica de Zivkovic e de Cervi durante mais 14 minutos, mas quando Pizzi encontrou o fundo das redes, aos 63’, após jogada de Grimaldo, a equipa de Vila do Conde desapareceu e entregou de bandeja a vitória ao Benfica.
Mas entregou o jogo e a disputa do mesmo porque assim os encarnados obrigaram. Mesmo a vencer por um golo, os comandados de Rui Vitória não tiraram o pé do acelerador e queriam mais, muito mais, queriam apagar a imagem do primeiro tempo. E, aos 71’, o inevitável Jonas fez mais uma vez o gosto ao pé, isolado por Jardel, e acabou por ir descansar, dando o lugar a Raúl Jiménez.
Mesmo sem o goleador, as águias eram a única equipa à procura do golo, até porque jogaram quase sempre no meio-campo contrário. Bruno Varela, aliás, foi um mero observador na etapa complementar, sem realizar qualquer defesa digna de registo. Viu Rúben Dias estrear-se a marcar de águia ao peito aos 83’ e também Raúl Jiménez a fixar o resultado final aos 87’. Mas viu, sobretudo, uma exibição de sonho das águias no segundo tempo, isto após uns finais 35 minutos da primeira parte de total desacerto.
Fez “apenas” um golo, mas é um mouro de trabalho este internacional brasileiro. Corre, passa, vais às alas buscar jogo e ontem ainda assistiu por duas vezes. Claro está que estava também no sítio certo para marcar o terceiro dos encarnados, o tal que deu a tranquilidade à equipa de Rui Vitória e quebrou o Rio Ave.