Pedro Kol quer ser campeão europeu e vingar a derrota do ano passado
Alessandro Moretti venceu-o em Roma, mas o português não ficou convencido e quer mudar a história a 18 de fevereiro
ANDRÉ CRUZ MARTINS O kickboxer português Pedro Kol vai voltar a disputar o título de campeão europeu de kickboxing de profissionais (K1), na categoria de -62 kg, frente ao italiano Alessandro Moretti, o atual detentor do título. Já denominado de Combate do Ano na modalidade, ocorrerá no evento Never Give Up II, a 18 de fevereiro (entre as 17.00 e as 21.00), na arena do Campo Pequeno, em Lisboa.
O atleta luso de 35 anos vai querer vingar a derrota sofrida em abril do ano passado, frente ao mesmo rival, em Roma. “Tenho treinado muito e há cinco meses que estou a preparar este combate. Nesta fase, estou um pouco cansado, mas mais perto do dia do evento vou começar a abrandar o ritmo, para me apresentar em boas condições”, explica ao DN.
Em abril foi derrotado de forma polémica, num combate que terminou prematuramente, por lesão do português, o que motivou decisão de KO técnico por parte do júri. “Acho que poderia ter continuado, mas o médico e os juízes da prova tomaram a decisão de acabar com o combate, até para minha própria proteção. Enfim, estas coisas fazem parte na vida de um atleta de alta competição, segui em frente e agora dia 18 vou ter a oportunidade de voltar a lutar pela vitória”, sublinha, revelando que o próprio Alessandro Moretti “logo se mostrou interessado em que houvesse uma desforra, pois foi campeão da Europa de uma forma que não desejava”.
O atleta português ostenta um currículo ímpar, sendo pentacampeão nacional de kickboxing, bicampeão europeu e campeão mundial de K1. E não tem problemas em defender que é melhor do que o rival. “Tecnicamente sou superior e mesmo fisicamente sentime mais forte há um ano. A única diferença é que ele está com mais ritmo competitivo, pois eu parei durante algum tempo”, assume. Por outro lado, não duvida de que o facto de combater em casa lhe trará maior motivação.
Refira-se que boa parte dos lugares já estão vendidos e as mesas VIP, as mais próximas do ringue, esgotaram logo na primeira semana. Ainda existem bilhetes à venda no Campo Pequeno, na Ticketline e nos restantes locais habituais, com preços entre os 30 euros (bancada) e os 35 euros (camarotes).
Pedro Kol esteve ausente da competição durante dois anos, dedicando-se a tempo inteiro à Academia Kolmachine, tendo regressado precisamente quando Mo- retti o desafiou para o combate de abril último. “Senti muito esse tempo de paragem, pois estava habituado a ser o centro das atenções e de repente parece que fiquei um pouco perdido. É mesmo muito difícil para um atleta de alta competição pendurar as luvas e não foi fácil readquirir o ritmo, mas aos poucos fui aprendendo alguns exercícios de recuperação e percebendo quais os meus limites de carga diária de treino, ajustando as coisas para manter um equilíbrio”, refere. com bastante talento, que foram ultrapassados por outros menos talentosos mas que estão dispostos a trabalhar. E, nesta área, nunca podemos desistir, até porque as coisas não se alcançam de um dia para o outro…”
Pedro Kol não fecha as portas à continuidade como atleta depois do combate de 18 de fevereiro. “Sinceramente ainda não pensei nisso. Uma batalha de cada vez. O meu treinador, Fernando Fernandes, diz--me que estou bem e gostaria que eu continuasse mais alguns anos, mas vamos ver como corre o combate e depois avaliaremos”, diz.
De resto, o atleta aproveita para agradecer o trabalho que tem desenvolvido com o seu técnico, um dos melhores atletas nacionais de
da história: “Treinoume 13 anos no Sporting e entretanto tive mais outros dois treinadores. No entanto, já depois do combate no ano passado com o Moretti, senti que o perfil do Fernando Fernandes se ajusta melhor às minhas capacidades e o trabalho sai mais natural, pois foram muitos anos juntos. Por isso, juntámo-nos de novo.”
Pedro Kol começou a trabalhar como treinador adjunto no Sporting, conciliando essa função com a de atleta, mas acabou por abandonar o clube. “Queriam a modalidade só virada para a competição e só tínhamos uma sala de treino, que estava ocupada apenas duas ou três vezes por dia. Queria implementar algumas mudanças, mas o Sporting é um clube muito grande e demorava imenso tempo a que as coisas vissem a luz do dia. Estava com vontade de crescer e criar a minha própria escola, o que aconteceu dois anos depois”, explica. LISBOA A Academia Kolmachine tem tido assinalável sucesso nos seus quase três anos de vida e atualmente treinam 400 pessoas por mês neste espaço localizado em Lisboa. Há muitos jovens abaixo dos 25 anos, que escolhem essencialmente as aulas de grupo, mas também praticantes mais velhos, entre os 30 e os 50 anos, que preferem os treinos individuais. Com tudo a correr sobre rodas, já há planos para abrir um segundo espaço.
Pedro Kol espera poder ser tão bom treinador quanto atleta. “Não tenho assim tantos anos de experiência na função de treinador, mas penso que sou excelente numa primeira fase da vida desportiva dos atletas, porque ninguém ensina a técnica tão bem como nós aqui na Academia. Gosto de me inspirar nos melhores, viajo muito e vou aos melhores ginásios do mundo, para estar sempre atualizado”, conta.
E de onde vem o nome Kolmachine, atribuído à Academia? Do futebol. “Por acaso surgiu num torneio de futebol em que fiz grandes exibições e disseram que eu era uma máquina”, explica. Mas a alcunha preferida para os amigos mais chegados é Esparguete Assassino. “Começaram a chamar-me assim quando comecei a ter algumas conquistas no kickboxing, por ser muito magrinho. Curiosamente, agora vou defrontar um italiano, tem a sua graça…”