PORTUGAL DERROTOU A RÚSSIA E QUER VENCER O EUROPEU NO SÁBADO. SÓ FALTA GANHAR À ESPANHA
Grande segunda parte permitiu reviravolta da seleção nacional, que venceu a Rússia por 3-2. A final é amanhã contra a Espanha... para vingar a derrota sofrida em 2010
Portugal está na final do Campeonato da Europa de futsal, depois de uma vitória bastante suada ontem sobre a Rússia, por 3-2, com dois golos de André Coelho e outro de Bruno Coelho, já no segundo tempo. Em Liubliana, na Eslovénia, a seleção lusa passou por grandes sustos na primeira parte, mas um segundo tempo de grande nível permitiu a Portugal chegar à sua segunda final da história – em 2010 foi derrotado pela Espanha, precisamente o adversário de amanhã.
A equipa portuguesa era considerada favorita, não apenas por ter do seu lado o melhor jogador do mundo, Ricardinho, mas também por ter encantado até agora no Campeonato da Europa. Do outro lado estava a atual vice-campeã da Europa e do mundo, a fria Rússia. Vinham do frio, mas foram os ares tropicais que proporcionaram que os russos tivessem sido bem superiores a Portugal na primeira parte, pelos menos nos primeiros 15 minutos. Com os brasileiros naturalizados Robinho (jogador do Benfica) e Éder Lima a darem muito trabalho aos comandados de Jorge Braz, ninguém estranhou que logo aos 4’ Éder Lima colocasse a Rússia na frente.
Portugal cometia muitos erros, um deles acabou por proporcionar o primeiro golo da partida, não conseguia chegar ao meio-campo contrário e acabou por ser o guarda-redes André Sousa a destacar-se, evitando que os russos fossem para o intervalo a vencer por uma maior diferença.
É verdade que Portugal até conseguiu reagir nos derradeiros cinco minutos do primeiro tempo, mas ainda assim foi insuficiente para apagar uns primeiros 15 minutos de total desorientação. Esses últimos cinco minutos, no entanto, acabaram por moralizar para a etapa complementar.
Mais rápido, mais inteligente a defender e a sair para o ataque, Portugal foi criando situações de golo, ao mesmo tempo que a Rússia geria mais o resultado. Curiosamente, acabou por ser num dos poucos erros defensivos dos russos, aos 31’, que Ricardinho (ontem algo apagado) e companhia acabaram por chegar ao empate, com um remate potente de André Coelho.
Era o delírio para os muitos adeptos portugueses nas bancadas – a grande maioria estudantes de Erasmus, que têm lotado constantemente a Arena Stozice –, que voltaram a saltar aos 36’ quando o mesmo André Coelho, mestre em Engenharia Civil, desenhou o 2-1 com novo remate fora da área.
Faltavam apenas quatro minutos para o fim, Portugal estava tapado por faltas e a Rússia começou a jogar com o guarda-redes avançado. Mas os portugueses conseguiram manter sangue-frio para controlar as investidas e num roubo de bola, ao 39’, Bruno Coelho haveria de fazer o 3-1. A Rússia ainda reduziria a 40 segundos do fim, pelo mesmo Éder Lima, e voltaria a assustar no derradeiro segundo da partida. Mas no final a festa foi lusa.
“Para ganharmos o bronze tínhamos de fazer um Europeu fabuloso. Para a prata tínhamos de ser super e fomos. Mas sabemos muito bem a cor que queremos. Está ali ao final de 45, 50 minutos ou penáltis. Estamos numa prova de 100 metros, muito intensa, e isto são os últimos dois segundos. Vamos esticar o pescoço o máximo que pudermos para conseguir a medalha desejada”, referiu no final o selecionador Jorge Braz. Desforra de 2010? Para conquistar o seu primeiro troféu, Portugal terá de derrotar amanhã a Espanha na final, para muitos a melhor seleção europeia, atual detentora do título, que em dez edições da prova venceu sete.
Uma dessas foi diante de Portugal, em 2010, por 4-2. Aliás, a única vitória lusa diante de Espanha data já de 2005, num encontro particular no país vizinho, por 3-2.
A superioridade de nuestros hermanos é tal que em nove jogos oficias para Europeus e Mundiais a Espanha contabiliza oito vitórias (uma na lotaria das grandes penalidades) e apenas um empate.
Os espanhóis, no entanto, chegam a mais uma final de um Campeonato da Europa, a oitava (nas outras duas ficou na terceira posição), após quatro jogos sem convencer verdadeiramente. Na fase de grupos empataram (4-4) diante da França e no segundo embate venceram o Azerbaijão por 1-0. Esse, aliás, foi o mesmo resultado que a equipa do país vizinho conseguiu nos quartos-de-final sobre a Ucrânia, equipa que Portugal venceu na fase de grupos por 5-2.
Ontem, na meia-final diante do Cazaquistão, os comandados de Venancio López suaram muito e só conseguiram vencer no desempate por grandes penalidades (3-1), depois do 5-5 registado no final do prolongamento.
Amanhã, pelas 19.45 (RTP 1), a Espanha não poderá contar com um dos seus melhores jogadores contra Portugal, Sergio Lozano, do Barcelona, que se lesionou diante da Ucrânia. No que diz respeito a Portugal, com o apuramento para a final está pelo menos garantida nova medalha, algo que a turma das quinas já havia conquistado em 2010. Depois de dois quartos lugares (2007 e 2014), um quinto (2012) e um sétimo (2016), Portugal tentará agora fazer história e conseguir o seu primeiro título europeu da modalidade.
“Sabemos muito bem a cor da medalha que queremos. Está ali ao final de 45, 50 minutos ou penáltis”
JORGE BRAZ
SELECIONADOR DE PORTUGAL
“Uma final não se joga, ganha-se. Queremos levar a taça para juntá-la à do Euro 2016 que ganhámos em França”
FERNANDO GOMES
PRESIDENTE DA FPF