Westminster estuda medidas para lidar com abusos sexuais
Relatório revela que um em cada cinco funcionários do Parlamento foram vítimas ou testemunharam este comportamento
REINO UNIDO Formação obrigatória para todos sobre comportamento correto no local de trabalho, a nomeação de um conselheiro de violência sexual para lidar com as queixas e “penas” que podem ir desde escrever uma simples carta de desculpas até, em última instância, a suspensão ou expulsão de um deputado ou lorde. São estas as medidas que o Parlamento britânico está a estudar introduzir para lidar com as denúncias de assédio sexual em Westminster. Mais de um em cada cinco trabalhadores disseram ter sido vítimas ou ter testemunhado assédio ou comportamento inapropriado ao longo do último ano, segundo um relatório publicado ontem.
“Este é um grande dia para o Parlamento e para a nossa política”, disse Andrea Leadsom, cujo cargo é equivalente ao de ministro para os Assuntos Parlamentares. “O novo procedimento independente vai mostrar que queremos que este seja o melhor parlamento do mundo no que diz respeito a tratar todos que querem trabalhar aqui com dignidade e respeito”, acrescentou a deputada e líder do grupo interpartidário que analisou o tema, após uma série de denúncias em 2017.
Estas denúncias levaram à demissão do ministro da Defesa, Michael Fallon, que admitiu ter posto a mão no joelho de uma jornalista num jantar, assim como do vice-primeiro-ministro, Damian Green, que reconheceu ter mentido sobre as imagens pornográficas descobertas no seu computador emWestminster. O secretário de Estado do Comércio Internacional, Mark Garnier, foi investigado por ter pedido à secretária que fosse comprar brinquedos sexuais, tendo saído do governo na remodelação de janeiro.
O inquérito lançado no Parlamento obteve 1377 respostas (17% dos trabalhadores). Destes, 39% denunciaram casos de abusos não sexuais ou de intimidação no ano anterior e 19% denunciaram casos de “assédio sexual”. A ideia da comissão é garantir o anonimato quer da vítima quer do acusado, com o argumento que seria fácil identificar o primeiro se fosse revelado o nome de quem o emprega. Nos casos mais graves, a identidade será revelada.