Diário de Notícias

Sérgio Oliveira. O miúdo dos 30 milhões que está finalmente a impor-se

Médio ganhou “agressivid­ade”, de acordo com Henrique Calisto, e “responsabi­lidade”, segundo ex-colega Filipe Anunciação

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Médio do Porto leva 671 minutos esta época, cerca de quatro vezes mais do que na temporada anterior

DAVID PEREIRA A imprensa nacional foi unânime, ao classifica­r Sérgio Oliveira como um dos melhores em campo tanto no clássico de quarta-feira frente ao Sporting (1-0), na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, como na partida de sábado diante do Sp. Braga (3-1), para a I Liga. O médio portista, de 25 anos, está a aproveitar a ausência de Danilo Pereira para mostrar serviço ao lado de Herrera na zona nevrálgica do 4x4x2 de Sérgio Conceição.

Formado no clube, lançado aos 17 anos por Jesualdo Ferreira na equipa principal em outubro de 2009, blindado um mês depois com uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros, cedido ao Beira-Mar, Malines e Penafiel, e recontrata­do ao Paços de Ferreira em 2015, o internacio­nal português pelas seleções jovens não caiu no goto de Julen Lopetegui e Nuno Espírito San- to – no Dragão apenas tinha sido aposta de José Peseiro – e demorou a convencer Conceição. O agora treinador dos azuis e brancos teve-o no Nantes na segunda metade da época passada por empréstimo do FC Porto, mas só apostou nele em seis jogos, em todos apenas no decorrer das segundas partes. Já esta temporada, com ambos na cidade Invicta, o centrocamp­ista começou por ser utilizado somente nas partidas com grau de exigência maior – na Liga dos Campeões e frente a Sporting e Benfica –, mas começa agora a ter mais protagonis­mo.

A afirmação do n.º 27 portista é vista “com muito agrado” por Henrique Calisto, que o orientou em Paços de Ferreira entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014. “É um jovem português e está em grande forma. Teve uma grande evolução no aspeto da agressivid­ade, pois tecnicamen­te sempre foi evoluído, com grande critério de passe e remate. É hoje um jogador com mais

Total de jogos esta época Sérgio Oliveira foi opção sobretudo no campeonato (6). Jogou ainda três partidas da Champions, uma na Taça de Portugal e uma na Taça da Liga.

Golo O médio portista tem apenas um golo apontado esta temporada ao serviço do FC Porto. Foi frente ao Sp. Braga, na última jornada da Liga. determinaç­ão e que tem tudo para ser um dos valores seguros do futebol português”, afirmou o técnico de 64 anos ao DN, classifica­ndo a exibição do antigo pupilo diante dos leões como “excelente”.

Já para Filipe Anunciação, que conviveu com Sérgio Oliveira em Paços de Ferreira entre 2013 e 2015, primeiro enquanto companheir­o e depois na pele de treinador adjunto de Paulo Fonseca, o médio “teve um cresciment­o de menino para homem, que não é de agora, e ganhou responsabi­lidade depois de não se ter imposto logo enquanto futebolist­a sénior”. “A qualidade esteve sempre lá, mas está numa fase muito boa”, vincou o atual técnico da equipa B dos pacenses, 38 anos. “Só poderá olhar para cima” Filipe Anunciação considera que Sérgio Oliveira mostrou “personalid­ade, confiança e agressivid­ade” no encontro diante do Sporting, no qual fez um cruzamento milimétric­o para o golo de Soares.

Para o antigo futebolist­a, o ex-companheir­o “já estava num nível muito bom” no ano passado, embora prejudicad­o por lesões. “Com um plantel como o do FC Porto, não há espaço para jogarem todos ao mesmo tempo. De certeza que o Sérgio estava a trabalhar muito bem nos treinos, pois sem qualidade no trabalho diário não seria chamado”, aditou, antevendo um futuro risonho para o centrocamp­ista dos azuis e brancos: “A jogar a este nível, só poderá olhar para cima. Poderá fazer coisas bonitas.”

Henrique Calisto vai mais longe e coloca-o na rota da Seleção. “É inquestion­avelmente um dos jogadores de referência do futebol português. É um dos melhores jogadores de meio-campo em Portugal, e deve ser levado em conta para as contas da seleção nacional”, perspetivo­u. Jogar pela principal equipa das quinas é mesmo o que falta ao currículo internacio­nal do atleta portista, que passou por todos os escalões dos quadros da Federação, dos sub-16 à seleção olímpica, tendo sido vice-campeão mundial de sub-20 em 2011.

O veterano técnico, que agora também veste a pele de comentador, consegue entender a razão de Sérgio Oliveira ser presença assídua no onze de Conceição em jogos grandes. “Por ser tecnicamen­te evoluído e ter critério de passe, cumpre nos jogos de grande exigência. E para um jogador com poucos minutos, ser chamado para partidas de Champions, é sempre uma motivação extra”, justificou, salientand­o que o centrocamp­ista “começou aparecer por aí, mas que cada vez mais é um jogador a ter em conta no dia-a-dia”. “Ser titular é altamente motivador para corrigir os seus pontos menos bons. Se conseguir manter o ritmo, será um dos inquestion­áveis”, vaticinou.

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