Mathieu Flamini, a atração milionária do Getafe
Médio francês, que é sócio fundador de uma empresa de biotecnologia, tornou-se um reforço mediático para o clube espanhol
Habituado a viver na sombra dos gigantes vizinhos Real Madrid e Atlético de Madrid, o modesto Getafe, da cidade com o mesmo nome situada nos arredores da capital espanhola (14 km a sul), tem atraído por estes dias uma inusitada curiosidade mediática. Tudo por causa da mais recente contratação do atual 11.º classificado da Liga espanhola: o veterano médio francês Mathieu Flamini.
Com um passado futebolístico ao serviço de equipas como o Arsenal ou o AC Milan, Flamini tem naturalmente um bom currículo para apresentar. Mas não é o seu percurso ou talento futebolístico aquilo que atrai os olhares mediáticos sobre a chegada de um futebolista de 33 anos que estava desempregado há mais de meio ano e nunca foi propriamente um fora de série nos relvados.
O que atrai em Mathieu Flamini é que o novo colega do internacional português Antunes não é um mero jogador de futebol. É um futebolista-empresário que em 2015 surpreendeu o mundo ao desvendar um segredo que guardara durante vários anos: o facto de ser um dos dois fundadores de uma empresa de biotecnologia que explora as potencialidades do ácido levulínico como um biocombustível alternativo ao petróleo, operando num mercado com valor estimado de cerca de 30 mil milhões de euros.
Esse potencial futuro do ácido levulínico como fonte de uma energia verde (em 2004 foi assinalado pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos como uma das 12 moléculas fundamentais para um mundo mais ecológico e sustentável), aliado ao sucesso da empresa que Flamini fundou com o economista italiano Pasquale Granata, a GF Biochemicals, levaram a que rapidamente se colassem ao médio francês rótulos como o “futebolista mais rico do planeta” ou o “jogador milionário que ganha mais do que Messi e Ronaldo” – entre outros mais “românticos”, como o “o futebolista que quer salvar o planeta”, por exemplo.
Por isso, na conferência de imprensa de apresentação de Flamini como novo jogador do Getafe foram vários os órgãos de comunicação presentes e, segundo escreve o jornal El País, uma das perguntas feitas ao francês foi se o presidente Ángel Torres o teria contratado para o convencer a tornar-se acionista. O médio respondeu com uma gargalhada, consciente de que o seu trabalho fora dos relvados é hoje o fator de atração principal.
“Como muitos outros futebolistas, tenho mais interesses para lá do futebol, mas a minha prioridade ainda é o jogo. Amo o futebol, jogo desde os 6 anos, é a minha paixão e é nisso que estou concentrado. Estou aqui para desfrutar, sentir-me bem e ajudar a equipa a conseguir o máximo de pontos possível”, assegurou Flamini, que já não joga desde maio passado, quando terminou a sua aventura no Crystal Palace (onde também já jogara pouco na época passada: 13 jogos apenas).
Formado no Marselha, o futebolista, que no Arsenal ganhou a alcunha de maratonista pela sua entrega inesgotável a meio-campo, fundou a GF Biochemicals em 2008, mas manteve o segredo até 2015, quando decidiu revelá-lo numa entrevista ao The Sun, pouco depois de a empresa ter começado a produção comercial em larga escala do ácido levulínico, na fábrica em Caserta, nos arredores de Nápoles (Itália). Desde então, a GF Biochemicals assentou quartel-general na Holanda e expandiu-se para o mercado norte-americano.
Apesar disso, Mathieu Flamini continua a querer prolongar a vida nos relvados e junta agora a Liga espanhola a um currículo construído sobretudo em Inglaterra e Itália. A estreia pode até ser já contra o líder Barcelona, que no domingo visita o Getafe: “Seria genial, mas o treinador é que manda.”