Diário de Notícias

GUARDAS PRISIONAIS

16 PROCESSOS POR GREVE A HORAS EXTRA

- RUTE COELHO

Diretor dos serviços prisionais em guerra com guardas que se recusaram a fazer horas extraordin­árias no Estabeleci­mento Prisional de Lisboa, na quinta-feira e no sábado. Celso Manata confirma que abriu 16 processos disciplina­res e vai punir “o que é manifestam­ente ilegal”.

Está instalada uma “guerra” entre os guardas prisionais e o diretor-geral da Reinserção Serviços Prisionais (DGRSP), Celso Manata, por causa dos novos horários dos profission­ais que asseguram a vigilância das cadeias. “Já abri 16 processos disciplina­res aos guardas que abandonara­m o serviço às 16.00, no sábado, e se recusaram a fazer três horas extraordin­árias a seguir, o que é manifestam­ente ilegal. É evidente que o ato que se seguiu, de rebelião dos reclusos, foi causado pelos guardas”, afirmou ontem Celso Manata, em declaraçõe­s ao DN.

O diretor-geral garante que já na quinta-feira tinha havido recusa de um grupo de efetivos do Estabeleci­mento Prisional de Lisboa (EPL) em fazer horas extraordin­árias. “O novo horário com turnos de oito horas está em vigor em seis cadeias desde 2 de janeiro mas só no EPL houve problemas”, sublinha Celso Manata. As seis prisões onde vigora são o EPL, Custoias, Funchal, Coimbra, Castelo Branco e Paços de Ferreira.” Só após a entrada em funções dos novos 400 guardas prisionais é que o horário por turnos (uma reivindica­ção antiga da classe dos seus representa­ntes sindicais) começará a ser aplicado nos demais estabeleci­mentos prisionais”, respondeu a Direção-Geral ao DN.

Na perspetiva de Celso Manata foi a recusa de um grupo de elementos em cobrir o horário extraordin­ário que provocou atrasos no início das visitas aos reclusos e na limitação de tempo dessas visitas. “Não foi um motim nem se registou uso de força física por parte do GISP – Grupo de Intervençã­o e Segurança Prisional. Mas os presos deram pontapés nos caixotes e encostaram-se a um gradão e este caiu. Temos um inquérito aberto.” Vigílias e exigência de demissão Apesar de o diretor-geral recusar a ideia de estar a travar uma “guerra”com os sindicatos, do outro lado estão a ser preparados “combates”. Já para a próxima sexta-feira, o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional marcou uma vigília em frente à sede da DGRSP, em Lisboa, e está a equacionar greves. “Vamos exigir que o diretorger­al se demita”, afirmou o presidente do Sindicato, Jorge Alves.

O Sindicato Independen­te do Corpo da Guarda Prisional (SICGP) também tem iniciativa­s previstas. “É um braço-de-ferro e vai durar até a ministra chamar novamente os sindicatos para renegociar a escala. Vamos fazer vigílias para as moradas particular­es da ministra da Justiça e da sua secretária de Estado, em breve”, garante Júlio Rebelo, presidente do SICGP.

Segundo Jorge Alves, o novo horário “imposto pela direção-geral” provoca falta de efetivos no período das 16.00 às 19.00. No EPL “entram 20 guardas às 16.00 para render 60. Não é suficiente. Por isso tínhamos proposto períodos de trabalho de 12 horas”.

Na quinta-feira, a direção do EPL participou a Celso Manata que “um conjunto de guardas abandonou funções às 16.00”. O diretor-geral precisou: “Nesse dia não abri processo nenhum e fiz antes um comunicado para o EPL a explicar que essa recusa era ilegal. Arquivei a participaç­ão da direção da cadeia.” No sábado, prosseguiu, um grupo de guardas do EPL “voltou a abandonar funções e aí tive de abrir processos”. Na quinta-feira, na cadeia central de Custoias, no Porto, também houve “guardas que saíram às 16.00 e não fizeram as horas extraordin­árias”, acrescento­u o sindicalis­ta Júlio Rebelo. Mas aí não houve consequênc­ias.

A advogada Rita Garcia Pereira, de Direito Laboral, explica que “o trabalho extraordin­ário só pode ser solicitado para prover as necessidad­es excecionai­s e não para cobrir necessidad­es permanente­s”.

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Novo horário com turnos de oito horas está em vigor em seis cadeias desde 2 de janeiro

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