Diário de Notícias

Nuno Amado descarta bolha no setor imobiliári­o

O BCP lucrou 186,4 milhões de euros em 2017 e cumpriu um ano mais cedo que o previsto o objetivo para a redução do crédito malparado. Mas ainda não há data para dividendos

- RUI BARROSO

Bolha no mercado imobiliári­o em Portugal? “Nem de perto nem de longe”, considera Nuno Amado. Na conferênci­a de imprensa da apresentaç­ão de resultados anuais, o presidente do BCP afastou a ideia de que os preços tenham subido em demasia. Mas garantiu que o banco vai cumprir com as recomendaç­ões feitas pelo supervisor para prevenir excessos na concessão de crédito.

“Há diversos mercados. Há áreas diferentes e habitação com diversos objetivos. Não achamos que haja uma situação de bolha de preço, nem de perto nem de longe”, disse Nuno Amado. Mas realçou que “compete ao regulador antecipar” essas situações.

O novo crédito concedido pelos bancos para a compra de casa tem subido. Totalizou 819 milhões de euros no passado mês de dezemrecon­heceu bro, o valor mais elevado desde final de 2010. O Banco de Portugal tinha recomendad­o no início do mês às entidades financeira­s que apliquem requisitos mínimos para atribuírem crédito. Isto numa altura de subidas consistent­es não só do crédito concedido, mas também do preço das casas.

Após os anos de redução do balanço e do crédito, Nuno Amado indicou que a atividade está a dar sinais positivos. Foram concedidos pelo banco mais de dois mil milhões de euros de novo crédito a particular­es, disse o líder do BCP. Caso se inclua apenas crédito saudável, a carteira do banco subiu de 30,8 mil milhões para 31,2 mil milhões de euros, “o que já não ocorria há oito anos”, refere o banco.

Ainda assim, no total do balanço, o crédito a clientes na atividade em Portugal teve uma descida de 3,5% para cerca de 38 mil milhões de euros. O banco prosseguiu em 2017 com a estratégia para a redução do malparado. A exposição a ativos não rentáveis desceu 1,8 mil milhões de euros, para 6,8 mil milhões. “Já atingimos em 2017 a redução de exposições não rentáveis que iríamos fazer em 2018”, disse Nuno Amado. Referiu que, dos objetivos delineados para serem atingidos no final de 2018, “estamos alinhados ou melhor em praticamen­te todos”. A exceção é no retorno sobre o capital, que foi de 4,4% em 2017. Para este ano o objetivo delineado é de cerca de 10%. Lucro multiplica por oito Apesar de continuar a limpar o balanço, o BCP conseguiu multiplica­r o lucro por quase oito vezes em 2017. No ano passado, o banco teve um resultado líquido de 186,4 milhões de euros. Em 2016 tinha sido de 23,9 milhões. A melhoria foi conseguida sobretudo com a evolução favorável em Portugal, já que os negócios noutros mercados tiveram números estáveis.

Na atividade doméstica, o banco passou de um prejuízo de 157,3 milhões de euros para um lucro de 39 milhões. Reduziu para quase metade o custo com provisões e imparidade­s. Desceram de 1,52 mil milhões de euros para cerca de 787 milhões. Ainda assim, Nuno Amado que estão ainda a “um nível muito elevado”.

No balanço dos resultados, o presidente do BCP diz que foi “uma boa evolução num enquadrame­nto ainda desafiante”. Nuno Amado considera que o banco está “com uma operação lucrativa e tem capacidade de gerar resultados operaciona­is de 1,2 mil milhões de euros por ano. Mas, mesmo com o cresciment­o dos resultados, o BCP ainda não vai distribuir dividendos.

A política de remuneraçã­o aos acionistas apenas deverá ser conhecida na segunda metade do ano, quando for divulgado o plano que a atual administra­ção está a preparar para o banco. Mas Nuno Amado sinalizou o ano de 2019 ou de 2020 para iniciar esses pagamentos. O mandato dos órgãos sociais terminou em 2017 e em maio os acionistas do banco irão deliberar sobre a gestão da instituiçã­o, que irá depois analisar o plano que está a ser delineado.

Isto numa altura em que a posição do segundo maior acionista do BCP, a Sonangol, está a ser avaliada pelas autoridade­s angolanas depois de o presidente do país, João Lourenço, ter ordenado que se fizesse uma avaliação às posições de empresas públicas em bancos. A petrolífer­a detém 15,24% do BCP, segundo os últimos dados tornados públicos .

Nuno Amado disse que tem “havido comunicaçã­o e contactos” e não prevê “alterações de maior num prazo razoável, pelo menos”. Mas preferiu “não adivinhar cenários” sobre o futuro da estrutura acionista do banco.

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Nuno Amado disse que o BCP teve uma “boa evolução num enquadrame­nto ainda desafiante”

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