Diário de Notícias

Campeã do salário mínimo será primeira mulher líder do SPD

Andrea Nahles preside à bancada parlamenta­r social-democrata. É considerad­a da ala esquerda do partido, mas defende nova coligação governamen­tal com a CDU de Merkel

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Andrea Nahles tem 47 anos e deve ser consagrada líder do SPD em congresso a realizar a 22 de abril

ABEL COELHO DE MORAIS Martin Schulz apresentou ontem a demissão da liderança do SPD, com efeitos imediatos, na expectativ­a de pôr um ponto final na agitação interna que se vive entre os sociais-democratas alemães por causa do acordo assinado entre este partido e os democratas-cristãos da CDU-CSU, da chanceler Angela Merkel, para a viabilizaç­ão de um novo governo de grande coligação.

Mas a agitação vai continuar e, muito provavelme­nte, intensific­ar-se até. Não só o partido tem ainda de ratificar o acordo, em referendo aos seus 464 mil militantes a 4 de março, sendo imprevisív­el qual o desfecho, como logo a seguir, a 22 de abril, irá escolher o sucessor de Schulz – que, tudo indica, será Andrea Nahles, de 47 anos, o nome indicado pela direção do partido. Pela primeira vez nos seus 155 anos de história, o SPD será dirigido por uma mulher.

Uma mulher que vai herdar, raras vezes tão dividido como está hoje, o SPD e que terá, por isso, uma difícil tarefa pela frente. O SPD atravessa um mau momento eleitoral, tendo-se ficado por 20,5% nas legislativ­as de setembro de 2017, um resultado que muitos no partido interpreta­m como resultado da participaç­ão no anterior governo de Merkel. Pior ainda, continua em queda nas sondagens (está nos 16,5%) e, como referido, profundame­nte dividido entre os pró-GroKo e anti-GroKo (acrónimo de grande coligação em alemão). O debate sobre nova participaç­ão num governo com a CDU acentuou também as diferenças entre as alas de esquerda e de centro e entre o partido em si e a formação da juventude, os Jusos. O dirigente destes, Kevin Kuehnert, faz campanha pelo não à GroKo. Nahles compromete­u-se a fazer campanha pelo sim.

A imprensa alemã espelhou bem o clima que se vive no SPD, com o Sueddeusts­che Zeitung mostrando-a, num cartoon, a cavalo de um caracol com a insígnia do partido e empunhando um chicote, chamando-lhe a “mulher dos escombros” – referência às mulheres que limparam e reconstruí­ram as cidades destruídas na II Guerra Mundial.

De algum modo, a própria designação de Nahles exemplific­a a divisão no SPD. Num momento em que se espera nova coligação com a CDU, o partido escolhe para líder uma figura da ala esquerda. Nahles, nascida em Mendig (na Renânia-Palatinado), é militante do importante sindicato IG Metall, habitualme­nte conotado com a esquerda, defende as 28 horas por semana reivindica­da

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