Shaun White fixou a sua lenda. Agora, aponta aos Jogos Olímpicos de Verão
Snowboarder voltou ao topo, com recuperação épica: ganhou terceiro título de halfpipe, 100.º ouro da história dos EUA
Depois de superar tudo – incluindo uma lesão no ombro, 62 pontos na cara e a concorrência apertada de um intrépido adolescente japonês –, Shaun White decidiu apontar a novos desafios. “Vou tentar participar nos Jogos Olímpicos de Verão de Tóquio 2020, em skate”, anunciou o skateboarder natural dos EUA, ontem, após conquistar o terceiro título olímpico de halfpipe, em PyeongChang 2018.
A manobra raramente é executada com sucesso: entre os mais de cem que o tentaram, apenas cinco atletas conseguiram juntar medalhas em Jogos Olímpicos de verão e de inverno (e só o americano Eddie Eagan foi ouro em ambas as variantes – boxe em 1920 e bobsleigh em 1932). No entanto, ShaunWhite já está habituado a fazer as mais improváveis piruetas em cima de pranchas de snowboard e skate.
O skate, que se estreia no calendário olímpico em Tóquio 2020, é uma velha paixão do atleta, de 31 anos (que, durante muitos anos, conciliou ambas as disciplinas). “Deixa-me muito feliz que [a integração] tenha acontecido quando me sinto em condições físicas e mentais de lutar por esse sonho e objetivo. Estar em Tóquio significaria imenso para mim”, assumiu o snowboarder, admitindo que tem pela frente “uma difícil decisão” – já que dará margem para que os rivais de snowboard o ultrapassem na corrida para Pequim 2022 (próxima edição dos Jogos de Inverno).
De qualquer forma, The Flying Tomato (como é conhecido, devido ao cabelo ruivo) já fixou a sua lenda como campeão de halfpipe, depois de ter conseguido ontem mais uma recuperação épica. O americano, campeão da disciplina em Turim 2006 e Vancouver 2010, resgatou o ouro perdido em Sochi 2014 (4.º lugar), tornando-se o primeiro atleta a somar três títulos olímpicos de snowboard. E fê-lo de forma espetacular, após ter sido abalado por uma lesão no ombro e uma grave queda (que deixou um corte profundo na testa, suturado com 62 pontos) nos últimos meses de preparação para PyeongChang.
Na final de halfpipe, Shaun White contou com a forte oposição do japonês Ayumu Hirano – que saltou para a liderança ao somar 95,25 pontos na segunda ronda. Obrigado a aplicar-se, o californiano sacou 97,75 de pontuação na última ronda. “Fiz a mesma manobra com que me tinha lesionado. Foi das melhores rondas da minha carreira e consegui-a no momento decisivo, diante da minha família e amigos, com todo o mundo a assistir”, sublinhou, no final.
Hirano, de 19 anos, acabou no 2.º lugar, a 2,5 pontos de distância. O campeão mundial, o australiano Scotty James, ficou em 3.º, a 7,75. E Shaun White recebeu a aclamação generalizada, deixando para segundo plano as críticas por ter pisado acidentalmente a bandeira dos EUA durante os festejos (logo pediu desculpa) e devido à acusação de assédio sexual – de Lena Zawaideh, ex-colega na banda Bad Things – que o persegue desde 2016 – “estou aqui para falar dos Jogos e não de boatos, tenho orgulho da pessoa que sou”, respondeu, quando questionado sobre o assunto.
O momento era de celebração para os EUA: com o quarto título de snowboard (após os de Redmond Gerard e Jamie Anderson, em slopestyle masculino e feminino, e de Chloe Kim em halfpipe feminino) conquistado em PyeongChang, o país alcançou a 100.ª medalha de ouro em Jogos Olímpicos de Inverno. Apenas a Noruega – maior potência histórica nesta variante – tem mais: 121. Coreia unida: um golo no adeus O terceiro país com mais ouros em Jogos Olímpicos de Inverno é a Alemanha, que soma 85 desde a reunificação (a partir da edição de Albertville 1992). Ora, o 84.º e o 85.º foram conquistados ontem mesmo – dia em que as finais femininas de slalom gigante (esqui alpino) e 15 km individuais (biatlo) foram adiadas devido às más condições climatéricas. Tobias Wendl e Tobias Arlt revalidaram o título na prova de duplas de luge. E o mesmo fez o pentacampeão mundial Eric Frenzel em combinado nórdico.
Na outra final do dia, Jorien Ter Mors conquistou mais uma medalhada dourada para a Holanda na patinagem de velocidade (1000 m femininos). A compatriota Ireen Wüst não foi além do 9.º lugar, falhando o objetivo de igualar a norueguesa Marit Bjorgen – mulher mais laureada da história dos Jogos Olímpicos de Inverno (11 pódios).
Sem glória desportiva, mas com um lugar na história, ficou a equipa unificada da Coreia (juntando atletas do Sul e do Norte), que ontem se despediu do torneio feminino de hóquei no gelo, com uma derrota diante do Japão (1-4). Randi Heesoo Griffin, nascida nos EUA, marcou o primeiro e único golo das coreanas na competição.